Sem os rins e após uma longa espera da transferência do tratamento de hemodiálise, de São Paulo para Mogi das Cruzes, o agente funerário, Leandro Prado de Barros, de 32 anos, entrou com um mandado de segurança com pedido de concessão de ordem liminar na Justiça, na última sexta-feira, para conseguir ser atendido em Mogi. Barros faz o tratamento há cinco meses e passa o dia inteiro na cidade de São Paulo, sendo que, segundo comentou à reportagem, há uma clínica a 15 minutos de sua casa. Caso a liminar seja concedida pela Justiça, haverá 15 dias para que a transferência de São Paulo para Mogi ocorra. 
Esse é apenas um dos muitos casos de mogianos que aguardam a transferência do tratamento de hemodiálise da capital para Mogi. A reportagem solicitou à Secretaria de Saúde do Estado e ao Instituto de Nefrologia de Mogi das Cruzes, há mais de três semanas, o número de pessoas que, como Barros, estão aguardando na lista de espera para serem transferidas, mas não obteve resposta. A secretaria apenas informou que a ampliação do número de vagas de hemodiálise depende diretamente do aumento do teto financeiro de alta complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para o Estado de São Paulo.
Barros descobriu o problema nos rins aos 12 anos, época em que também soube, por meio de um exame de urina, que tinha apenas um dos rins. "Quando meu rim parou, meu pai doou o dele. Os médicos disseram que o novo rim iria durar de 10 a 15 anos, mas ficou comigo por 19 anos', relembrou. Barros explicou que o rim doado tem uma certa durabilidade, e que agora depende do tratamento da hemodiálise, por conta da insuficiência renal crônica. Hoje, ele não tem ambos os rins.
Barros vai a São Paulo três vezes na semana, sai às 4h30 e retorna às 21 horas para sua casa, no bairro Santo Ângelo. O agente funerário afastado depende do transporte da prefeitura para chegar ao Hospital Santa Cruz, no bairro Vila Mariana, Zona Centro-Sul da capital. A Secretaria Municipal de Saúde de Mogi informou que atualmente transporta 52 pacientes para realizar tratamento fora da cidade. Para o serviço dentro de Mogi, que é o Instituto de Nefrologia, são transportados 81 pacientes da cidade.
Barros começou a hemodiálise em setembro do ano passado e, desde então, aguarda a transferência para Mogi. "Assim que eu soube que ia fazer o tratamento em São Paulo solicitei a transferência. Eu perco muito tempo de viagem, fico seis horas na van, pois passamos antes para deixar pacientes em outros hospitais, e chego em casa muito debilitado", detalhou, dizendo ainda que já chegou a desmaiar diversas vezes.
Ele está na fila de espera para transplante dos rins desde maio, quando começou a fazer o tratamento com remédios de alto custo. Os gastos em remédios e alimentação somados totalizam R$ 1,2 mil, de acordo com o paciente.
Meio judicial
Sem esperança de resolução apenas pelo sistema de saúde, Barros pediu ajuda ao advogado José Beraldo. "Estou montando o processo do Leandro Barros e devo entrar com a medida judicial junto ao Estado", explicou, detalhando ainda que o processo se trata de uma Ação de Obrigação de Fazer. "É uma vergonha. Nossa clínica de hemodiálise é referência na região e ainda há casos como o do meu cliente", acrescentou o advogado.
*Texto supervisionado pelo editor.