Contribuir para a harmonia entre dois povos que vivem um conflito histórico. Essa é uma das missões do geógrafo mogiano Renan Leme, um dos profissionais selecionados pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI), organização ligada as Organizações das Nações Unidas (ONU), para uma missão de paz envolvendo israelenses e palestinos. Leme irá prestar serviços para o Paepi (Programa de Acompanhamento Ecumênico em Palestina e Israel) e embarca nesta segunda-feira para Jerusalém, capital de Israel. Depois, será enviado para algum ponto da Cisjordânia, território palestino, mas que é controlado pelo estado israelense.
Ao todo, o mogiano de 30 anos ficará na região por três meses realizando trabalhos junto a outras 50 pessoas de vários países. Além dele, outros dois brasileiros também integram o grupo. Renan, geógrafo formado pela Universidade de São Paulo (USP) passou por três estágios de avaliação antes de ser confirmado na missão.
"No ano passado, fiquei sete meses na Hungria realizando um projeto com a USP, e como estava lá perto, resolvi pegar um voo e ir até a Palestina. Queria entender mais sobre o conflito e o porquê da ocupação de Israel", relatou. "Nesse período, conheci o pessoal do Conselho Mundial e assim que voltei para o Brasil decidi me inscrever como voluntário, queria contribuir de alguma forma para o fim do sofrimento que muitas pessoas vivem naquela região", complementou Renan, que quis levar adiante um desejo antigo. "Não é uma questão específica da guerra entre esses dois países. Sempre me perguntei o que motiva o início de uma guerra. Não queria ficar apenas no pensamento, queria ajudar de uma forma efetiva e para isso tinha que a campo."
Na Palestina, o mogiano viverá em um local ocupado pelo exército israelense e marcado pelo ambiente tenso e hostil. Seu principal objetivo será prevenir as possíveis violações dos direitos humanos cometidos contra os palestinos. "Existe uma guerra silenciosa que a mídia não divulga e que vai muito além do que vemos na TV. Meu trabalho será criar uma comunicação não violenta entre os dois povos, relatar e gravar todas as violações que acontecem e levar até a ONU. A ocupação que é feita pelo exercito de Israel acontece com muitos abusos", reforçou Leme.
Segundo ele, a CMI é uma organização neutra e não defende um lado do conflito. Porém, acredita que a ocupação pelo exercito de Israel, desde 1948, tem que acabar. "A ocupação israelense só gera sofrimento. É importante dizer que o Conselho não é a favor de nenhum dos lados, apenas busca estabelecer a paz entre os povos, sem o uso da violência. Essa situação está acabando com muitas famílias e isso poderia ser diferente."