O Instituto EDP é o destaque do Café com Mogi News desta terça-feira (19). As ações vão desde o apoio e fomenta projetos de responsabilidade social no Alto Tietê, até a promoção de suas próprias iniciativas em prol da comunidade no entorno da área de concessão da distribuidora de energia elétrica EDP. O objetivo é o desenvolvimento social e o acesso à cultura, esporte e educação. Saiba mais nesta entrevista especial com o assessor da diretoria do Instituto e especialista em responsabilidade social, Paulo Ramicelli. Ele está no Instituto desde sua criação há 15 anos. 

Café com Mogi News: Conta pra gente a importância da responsabilidade social para as empresas, hoje fazem parte do dia a dia. 

Paulo Ramicelli: É verdade. O setor elétrico acaba influenciando muito na vida, no dia a dia e na comunidade onde as empresas estão presentes, impactando tanto a sociedade quanto o meio ambiente. Então, hoje nós buscamos, antes de chegar com qualquer intervenção na comunidade, ter um relacionamento com esse bairro, com essa vila que vai ter algum tipo de empreendimento de energia, como a instalação de uma subestação, ou uma extensão de rede, ou a construção de uma usina mesmo, que nós temos várias aqui no Brasil.

Mais no âmbito da distribuição de energia elétrica, que é o caso aqui da EDP São Paulo, nós buscamos estar muito próximos daquelas comunidades onde a EDP está presente, especialmente daquelas mais vulneráveis. E a questão da responsabilidade social, ela tem esse olhar pro relacionamento com todos os stakeholders. É um olhar pro investidor, pro cliente, pro poder público, para imprensa. E o Instituto EDP é o responsável pelo relacionamento com a comunidade, de que maneira? Nós, enquanto empresas, podemos também contribuir para o desenvolvimento das comunidades.

CMN: Quando o Instituto foi criado?

Ramicelli: Há 15 anos, foi no ano de 2007/2008 que ele entrou em operação como instituto, mas desde os anos 2000 eu já atuo na área da responsabilidade social. Antes eu era a Comunicação, sou formado em Relações Públicas e depois fiz uma especialização em Empreendedorismo Social. Nós tivemos uma evolução muito significativa desde esse Marco Zero lá no ano 2000. Até então tudo era muito a coisa da filantropia ou do patrocínio, era bem assistencialista, sem se preocupar muito com a questão do impacto social. Desde 2001/2002, nós criamos uma política de investimentos sociais no grupo EDP e a partir daí, uma área específica foi criada e depois o Instituto EDP foi criado.

Começou com uma política até chegar no Instituto ali no ano de 2007. Hoje nós nos preocupamos muito como um impacto social que os investimentos estão gerando, então a gente tem muito esse olhar. E é um grande desafio para uma organização, para o investidor social. Nós também temos projetos próprios, e buscamos até parcerias também com algumas empresas, com fornecedores. Então, é um desafio bem grande, mas bem prazeroso.

CMN: E como é a sua atuação no Instituto hoje? Como é o Instituto desenvolve essas atividades? 

Ramicelli: É, nós temos algumas frentes de atuação. Há uma frente que a gente vai pra comunidade em função de algo que a empresa vai desenvolver nessa comunidade, então nós levantamos um diagnóstico, um retrato daquela comunidade, quais são as necessidades, as carências, uma construção coletiva daquilo que é necessário pra gente não chegar com algo imposto.

E tem aquela frente que nós abrimos Chamadas Públicas para que a gente possa dar oportunidade a outras organizações sociais que buscam um financiador. Neste momento nós estamos numa fase de avaliação de projetos de uma Chamada Pública que nós lançamos em agosto. Estamos na fase final, até o final de novembro e começo de dezembro, nós devemos divulgar esse resultado. Com certeza, teremos organizações aqui da região do Alto Tietê, de Mogi, que serão beneficiadas com esses investimentos. São meios de contribuirmos com o desenvolvimento das comunidades onde nós estamos presentes.

CMN: Conta pra gente dessas ações do Instituto. Como é o voluntariado, por exemplo? 

Ramicelli: Nós temos um programa de voluntariado na EDP. Todos nossos colaboradores são convidados a participar e nós buscamos integrá-los as ações sociais que a empresa desenvolve, e além disso os próprios voluntários podem também trazer para empresa quais os desejos deles, no que gostaria de ser voluntário. Hoje nós temos um portal do voluntariado da EDP e ali os nossos colaboradores vão se candidatando as ações e oportunidades que vão surgindo ou eles cadastram ações. 

Um exemplo de uma ação de voluntariado que nós realizamos recentemente. Nós atuamos muito na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos. Nós estamos lá faz quase três anos em parceria com Gerando Falcões, e buscamos o desenvolvimento integral daquela comunidade. Era uma comunidade irregular em termos de energia. Nosso primeiro passo foi regularizar essa comunidade em parceria com várias ações e a metodologia da favela 3D da Gerando Falcões. Nós nos integramos a esse movimento, buscando melhorar a qualidade da energia para essa população.

Num passeio pelas ruelas, pelas vielas da Favela dos Sonhos, chegaram e falaram: “Olha aqui nós não temos a iluminação pública à noite. A gente não consegue sair. Chove, a gente atola o pé”.

CMN: É um fator de segurança também?

Ramicelli: Total! E segurança é um grande valor da EDP. A gente busca muito essa questão da segurança, depois eu vou falar de um outro projeto que nós temos como olhar para a segurança também. Mas, lá na Favela dos Sonhos, integrando voluntariado e buscando solucionar esse problema da falta de uma energia para a população nessas vielas, nós fizemos uma parceria com uma outra ONG chamada Litro de Luz, que coloca postes de PVC com um painel solar, uma lâmpada LED e uma garrafa PET. E o voluntário se integrou para montagem desses postes na comunidade. E foi um grande sucesso, porque no mesmo dia que se instalou já tinha energia para a população. 

O mais interessante desse projeto é a integração do nosso voluntariado como a organização Litro de Luz e com a comunidade, porque a comunidade ela se torna, os cuidadores, vamos assim dizer. Eles entram também com a mão de obra, não tem como não incluir essa comunidade para o desenvolvimento do projeto. Aqui é um exemplo de voluntariado dentro do nosso negócio, entre outras ações que a gente tem como limpeza de praia, atuação em escolas, uma série de ações que a gente desenvolve com o voluntariado.

CMN: Entra também num pouco naquele pilar que você estava falando dessa inclusão também.

Ramicelli: Sim, da inclusão energética. Nós temos dois pilares no Instituto EDP, um é a educação e um outro é a transição energética justa. A gente busca essa inclusão energética, levando soluções para que as pessoas tenham energia de qualidade. Aqui entra a Litros de Luz, porque não poderia ter uma iluminação pública tradicional que a prefeitura leve para a comunidade. Então foi uma coisa emergencial que nós solucionamos e assim como nós já fizemos em outras comunidades, nós também fizemos na Favela dos Sonhos olhando para essa questão da transição energética justa, pela parceria com outras organizações que também tenham essa especialidade na melhoria em soluções energéticas. 

Nós levamos melhorias para dentro da casa das pessoas, porque nós visitamos as moradias, os barracos, muitos passaram por melhorias, até construções, reformas e afins. E levamos também a melhoria da instalação elétrica, porque tem muita fuga de energia ou risco à segurança. Nós substituímos toda a fiação interna das casas dessas pessoas e, além de gerar uma economia de energia, também gera mais segurança para esses moradores.

Nós buscamos muito esse desenvolvimento integral da comunidade, oferecendo cursos de eletricista para a comunidade, tanto ali onde está a Favela dos Sonhos quanto para outras pessoas que desejam ingressar nesse mercado de trabalho. Também temos uma escola de eletricistas, já tivemos para homens, mulheres, pessoas trans, então isso tudo a gente desenvolve. A EDP foi a primeira empresa do setor elétrico brasileiro a criar uma escola de eletricistas para mulheres e a primeira para pessoas trans, e também temos pessoas trans dentro do nosso quadro como eletricistas.

CMN: E que  outros projetos você destacaria? 

Ramicelli: Então, na linha da busca por patrocínios, e quando você me perguntou como que a gente atuava, nós fazemos a seleção e depois nós fazemos todo o monitoramento, o acompanhamento, formação, integração, intercâmbio. Nós apoiamos projetos e eles são acompanhados até a gente mensurar o impacto social nessas comunidades. Então por exemplo, a gente tem um projeto em Poá, com a Social Skate, do Sandro Testinha, que esteve aqui (no Café com Mogi News) recentemente. 

Nós temos uma rede solidária EDP também, porque logo que começa o ano a gente faz um diálogo com todas as organizações sociais, justamente para apresentar as nossas estratégias, os nossos investimentos e eles identificarem quais as oportunidades que existem entre os projetos que estão sendo apoiados pela EDP. E o tema energia elétrica, ele é tão inclusivo, tão necessário, que é um tema que eles levam para dentro das organizações e nós ofertamos informações para isso. Mas, nós temos hoje como apoio aqui na região a Associação Social Skate, que faz um trabalho fantástico em Calmon Viana. A inclusão pelo esporte utilizando o skate.

A EDP está apoiando o Museu da Energia, de Salesópolis, que tem uma miniusina. Tem todos os conceitos para participar de experiências voltadas para a questão da energia elétrica. Nós temos um projeto esportivo em Mogi no Conjunto Jefferson, com o Instituto Sementinha uma organização também de Mogi que faz um trabalho fantástico. É uma região bem vulnerável. Nós já tivemos a atuação de voluntariado, construímos um parque com materiais recicláveis também.

Levamos um projeto para Guararema que era de corridas para as crianças, com toda uma programação específica para esse fim. Nós apoiamos o Museu das Favelas, em São Paulo, que está fazendo uma transição, mudança de endereço. Também apoiamos o Museu do Ipiranga, o Museu da Língua Portuguesa. O Museu das Favelas está rodando algumas cidades de interesse da EDP. Eles identificaram artistas de Ferraz de Vasconcelos, fizeram uma tutoria e agora vai ser feita uma exposição em fevereiro. Vai ter o lançamento dessa exposição com artistas de Vitória, no Espírito Santo, depois vai para São Sebastião e chegará em Ferraz. Então, é dar voz e vez aos artistas periféricos. Todo esse acervo vai ser apresentado nessa exposição regional local e depois esse acervo vai para o museu em São Paulo. É algo bem interessante que valoriza a cultura e o artista local. 

Em Mogi das Cruzes, nós temos também o Judô Nova Geração, que é um projeto também que utiliza o judô como uma ferramenta de inclusão.

CMN: São muitas frentes na verdade?

Ramicelli: A gente tem, mas o que caracteriza o nosso investimento é a questão da formação. Nós não apoiamos projetos que são eventos, até temos alguns, mas na sua maior parte a gente quer deixar um legado, quer fazer com que aquele projeto transforme a vida da pessoa. Ela pode não se tornar um atleta de alto rendimento, mas terá os valores esportivos.

Temos um projeto também chamado Futebol de Rua pela Educação, que acontece em Ferraz de Vasconcelos. Já está em Itaquaquecetuba também, e em Guarulhos. São várias ações que nós desenvolvemos justamente com essa pegada da educação para buscar o desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida e da autoestima dessas crianças. 

Quando a gente fala que o Instituto EDP faz o monitoramento das ações, nós vamos lá na ponta e conversamos com o educadores, com os beneficiários, com as famílias dos beneficiários, para entender de fato qual o impacto. Porque tem impacto que a gente não consegue identificar pela voz de quem a gente apoia, então ouvindo a família nós identificamos que aquele benefício chegou dentro de casa.

CMN: Como você avalia essa esse contato com essas pessoas, supera a expectativa de vocês?

Ramicelli: Total, porque assim tem impacto. Nós tivemos um caso, acho que aqui em Mogi das Cruzes há uns anos, um projeto que era de audiovisual. Os jovens tiveram uma formação para fotografia, vídeo, e depois eles criaram os seus projetos. Só que a gente não consegue também acompanhar. Quando finaliza, nós não conseguimos apoiar por tanto tempo, mas chegou para nós depois, pela organização que foi financiada, que um dos beneficiários gostou tanto que levou isso para a vida, e ele entrou na universidade no curso de Rádio e TV. É um impacto que a gente não imaginava e que no fim acabou sendo em função de um investimento social. 

A gente sugere mesmo: "você viu um projeto social chegando na sua comunidade, agarre a oportunidade. Pode ser que esse seja o seu futuro". É isso que a gente pretende. Assim como nós fizemos um projeto aqui em Mogi de formação de profissionais para o teatro. Então era produtora cultural, era operador de som, de luz, de bastidores. Nós tivemos aqui na faixa de 80 selecionados entre 600 inscritos, e 52 ou 56 concluíram e foram certificados. É muito interessante isso, o quanto eles também são gratos por isso, um curso totalmente grátis. 

A gente não consegue acompanhar esse impacto. A gente busca, mas vai muito além da geração de renda, do trabalho, da melhoria da qualidade de vida, da formação de parcerias para a construção, para a criação de uma empresa própria. Temos um olhar para essa questão do empreendedorismo também, e para a formação e profissionalização de organizações sociais. Nós também temos um outro projeto que chama Reforça, que visa exatamente melhorar a qualidade da gestão das organizações sociais.

CMN: Isso é por meio de chamamento também? São inscrições? 

Ramicelli: Isso, nós lançamos isso no mercado aí as organizações se inscrevem.  Mogi é uma e a região geográfica de extrema importância para nós. Então muitas organizações aqui da região já passaram pelo Reforça. Tem o Divino Amor, várias outras organizações aqui da região que já passaram e é um grande sucesso para nós.

CMN: Como é que você avalia a importância do terceiro setor?

Ramicelli: O terceiro setor, as organizações da sociedade civil (OSC). Agora a gente tem evitado falar de ONGs, indo mais para para a questão das OSCs. Elas falam a língua daquela comunidade, então elas sabem como chegar. Temos um exemplo da Gerando Falcões, de tantas outras organizações que elas sabem conversar, elas têm a linguagem. E é engraçado que dentro da própria EDP, nós do Instituto somos muito acionados para quando vai para uma comunidade que tem alguma criticidade, nós somos convidados a ir justamente por conta da linguagem, também da nossa expertise em conversar com a comunidade. Não adianta eu chegar lá e falar com eles muito tecnicamente, eu tenho que falar na linguagem deles. 

As organizações sociais, o terceiro setor tem muito disso, essa expertise de falar a língua do povo, da comunidade, da favela. E além disso, eles sabem qual é a necessidade, eles estão no dia a dia, percebendo e evoluindo junto com a comunidade. E percebendo essa força, nós criamos o Reforça, porque nós percebemos que muitas vezes eles tinham a forma de atuação, o dia a dia com a comunidade, mas a faltava um pouquinho de gestão.

Nós estamos em São Paulo, se a gente for um pouquinho mais para longe, no Tocantins, onde nós estamos presentes, Amapá, é completamente diferente. Esse eixo Rio-São Paulo já é muito fortalecido, nós quisemos também valorizar e fortalecer uma organização local, então gente traz o Reforça para esse fim, justamente para dar mais valor e fortalecer essas organizações sociais.

Temos ainda o EDP nas escolas, que é um programa que nós buscamos fortalecer a educação pública de escolas municipais por meio da inclusão tecnológica. Então damos tablets, levamos a realidade virtual para as escolas. Foi muito interessante a experiência dos alunos para isso, porque eles precisam conhecer o que o mercado tem hoje, o que o mundo está oferecendo. Também tem a formação de professores para o uso da tecnologia em sala de aula, concursos culturais, entre outras ações para fortalecer a educação e as escolas acabam ficando três anos dentro desse programa, e a gente acompanha os indicadores educacionais. 

Para o leitor ou para a moradora aqui da região do Alto Tietê, nós também trazemos algumas atrações, às vezes patrocinamos um espetáculo teatral, um musical. Nós também fazemos algumas corridas de rua. Então, quando vocês virem essas oportunidades, esses convites, participem! Venham utilizar a energia de vocês também, juntar a energia. A EDP busca muito essa questão, a valorização da energia humana para seguir a sua jornada.

Saiba mais

Mais informações sobre o Instituto EDP podem ser obtidas pelo e-mail institutoesp@edpbr.com.br. Para quem deseja apresentar projetos sociais para serem avaliados, acesse o site prosas.com.br, procure a EDP e cadastre o seu projeto.