O especial “Mês das Mulheres” do Café com Mogi News continua nesta terça-feira (19) com mais um episódio especial, destacando uma mulher que vem trilhando seu caminho profissional em uma área de maioria masculina. A pintora Luciana Duarte da Silva que, em fevereiro, foi entrevistada sobre sua paixão pelo carnaval e pela escola de samba Acadêmicos de São João, desta vez nos conta sobre seu trabalho no ramo da construção civil.  Confira mais uma entrevista produzida com apoio da Padaria Tita. 

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A trajetória de Luciana como pintora começou em 2004, quando estava desempregada após trabalhar por anos em indústrias, e aceitou o convite de um primo que trabalhava como construtor a contratou para a limpeza da pintura de uma escola. Um dia dois funcionários faltaram e Luciana foi convocada para ajudá-lo. Logo no primeiro dia o primo já disse que ela tinha jeito para o serviço. "Durante o tempo de serviço na escola, comecei a ficar na pintura, fui fazendo e até hoje. Vou fazendo uma coisa aqui e ali, aprendendo. Sou autodidata, tudo que aprendi foi sozinha, pesquisando, porque é mais na prática, fazia e aperfeiçoava novas técnicas que vão surgindo", contou a entrevistada.  

A profissional explicou que o pintor é o último que entra na obra, por isso acaba resolvendo imperfeições, como buracos na parede. Para ela, o mercado da construção, ainda tem poucas profissionais, embora venha crescendo a participação, mas parte se deve "a própria mulher que acha que não é capaz".  Luciana disse que hoje existem curso na área de construção voltados somente para mulheres, e em São Paulo, há obras que só contratam mulheres. Para ela, "a pessoa tem que acreditar que pode e gostar" para conquistar seu espaço no segmento.  

Luciana vem sempre se atualizando. "Na pintura tem muito trabalho de efeito, como mármore, cimento queimado. Eu procuro ver como faz, tem profissionais que vão passando as coordenadas, e vou fazendo testes em madeirite. Até mesmo quem faz curso, não adianta falar amanhã vou fazer, tem que fazer teste e depois o trabalho na casa do cliente", orientou. 

A pintora vem conquistando clientes por meio de indicações, o popular "boca a boca" e, apesar de um período de baixa em 2015, os trabalhos continuam crescendo, indo além de Mogi das Cruzes, onde mora, abrangendo São Paulo, Campinas e também no litoral. "Não sai fora de São Paulo, tive oportunidade até fora do país, mas achei melhor não ir", revelou.  

Em seu trabalho, ela disse que é reconhecida não apenas pela qualidade do serviço executado, mas também pela preocupação com a limpeza do ambiente. "Quando estou em obra, a gente já olha e quer deixar como a casa da gente pelo respeito ao cliente, e o olhar feminino é de deixar limpo. O pessoal contrata pelo conjunto da obra, mas tem 'o fulano indicou porque você deixa limpinho, arrumadinho', não fala nem da qualidade da pintura", brincou. 

O conselho da pintora para outras mulheres é "ir com tudo" e encarar como uma profissão. "Tem que provar que é capaz. Não tem profissão para homens e para mulheres, a mulher pode fazer o que ela quiser. A pessoa fala do capricho, limpeza, o conjunto de coisas. No meu caso foi necessidade e depois virou profissão", destacou. Luciana também afirmou que as mulheres devem primeiramente se valorizar, independentemente do que for fazer, e sempre ter certeza que pode fazer o que quiser seja medicina, como mestre de obra, e também ter coragem. 

Projetos 

Em 20 anos de profissão, ela agora pensa em outros caminhos, mas ainda não tem nada definido. "Falo sempre que eu estou cansada, mas é minha profissão. Você sai da pintura e a pintura não sai de você... Tem horas que é até uma terapia. Adoro fazer recortes (pintura dos vãos e rente ao teto), e tem que ser profissional mesmo. É uma hora que fica uma limpeza psicológica", disse. 

Luciana também destacou como se sente com os elogios dos clientes. "Você entra na casa da pessoa e está aquele negócio morto. Depois que termina você vê aquele negócio vivo, o brilho nos olhos, tudo isso é muito gratificante", finalizou. 


 

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