O episódio especial desta sexta-feira (26) do Café Com Mogi News entrevista o casal Josmar Cassola e Maria Tereza Cassola, festeiros da Festa do Divino 2023. A Festa do Divino começou no dia 18 de maio e segue até domingo (28), com uma vasta programação religiosa e cultural para celebrar a retomada depois de três anos, devido à pandemia de Covid-19.
A história da família de Josmar e Maria Tereza começa com os pais do festeiro, que foram capitães de mastro em 2002, posto ocupado pelo casal em 2010. Agora, em 2023, eles são novamente responsáveis pela festa como ocorreu em 2012. Saiba mais nesta entrevista, realizada em parceria com a Padaria Tita, e confira o vídeo produzido pela empresa F-Studio - Comunicação Institucional.
Café com Mogi News: Como é a história de vocês com a Festa do Divino?
Josmar Cassola: Nossa historia com Divino vem desde os meus pais (Joel Francisco da Silva e Neide Cassola da Silva), que foram capitães de mastro em 2002, e antes disso, eles já eram envolvidos com a festa. Em 2002, nós passamos a ajudar na festa até que fomos escolhidos como capitães de mastro em 2010, quando meu irmão (Jeferson Cassola Silva e Flavia Augusta Cassola Silva) foi festeiro. Com a família toda participando, fizemos uma boa festa em 2010 e fomos convidados a ser festeiros em 2012, e convidamos o meu irmão para ser o capitão de mastro.
Desde 2010 não saímos mais da festa. Fui presidente da Associação Pró-Divino por quatro anos. Em 2019, deixei a presidência e virei vice-presidente. A festa de 2020 estava toda preparado e veio a pandemia e nós não pudemos fazer nada. Foi um baque bem grande pra gente, em 2021 fizemos com muita limitação a parte religiosa.
Eu perdi minha mãe em 2021 pra Covid-19. Eu peguei e fiquei internado no mesmo momento que ela, mas infelizmente ela não aguentou. Os festeiros decidiram não fazer a festa em 2022 porque tínhamos muito receio. Em 2023, por causa da retomada a própria associação junto com o bispo (Dom Pedro Luiz Stringhini) pediram para que nós voltássemos a ser festeiros.
CMN: Vocês já tem experiência com a festa, conhecem os processos.
Josmar: Nós acabamos aceitando esse desafio de retomar, e o que a gente veio fazer na festa é o que todo festeiro tem que fazer: uma festa maior que a outra. A festa tem 410 anos, somente paramos na pandemia e na guerra, em 1944/45 que parou na guerra e na pandemia tivemos essa parada de três anos. Vivemos esse desafio de retomar a festa, são 11 meses de trabalho que começamos quando fomos escolhidos no dia 6 junho do ano passado.
CMN: Como é esse trabalho de preparação?
Maria Tereza: A primeira coisa que a gente tem que resolver é o tema da festa e o logo. A gente já vai estudando como vai ser o logo para lançar já na no primeiro chá-bingo. O nosso tema desse ano é: “Divino Espírito Santo, fortalecei a fé e a união nas famílias”. Quando nós fizemos o primeiro chá-bingo em agosto do ano passado na Associação Pró-Divino nós já lançamos o logo com o tema. Aí vem o trabalho com as rezadeiras que já antecipamos. Geralmente o envio das rezadeiras é em janeiro, e nós antecipamos para dezembro, quando elas já começaram a visitar as casas e a fazer as novenas. Também antecipar os divininhos, que são os santinhos.
Josmar: As rezadeiras já visitaram 2.500 casas, contabilizamos mais de 40 mil pessoas evangelizadas por intermédio delas. A festa também ajuda 30 entidades nesse ano. Do total arrecado, a gente faz 25% para pagar a estrutura e 75% são totalmente delas. São entidades que precisam muito. É para elas que a gente trabalha. A estrutura é muito cara e para isso fazemos essas novenas bingo que nos ajuda com os eventos, os impressos e tudo que temos que trabalhar, até a própria Entrada dos Palmitos, que teremos neste sábado (27). Serão 15 mil pessoas no cortejo e mais 35 mil pessoas assistindo. Nesse ano vamos trazer 31 carros de boi, do Sul de Minas, e também da região, como Salesópolis e Biritiba Mirim.
CMN: A festa na verdade já é um evento regional, e a Entrada dos Palmitos também conta com a participação de escolas?
Maria Tereza: Muitas escolas estão voltando para a Entrada dos Palmitos, ajudando a fazer a ornamentação dos carros de boi e a preparação do tapete ornamental da Procissão de Pentecostes (que acontece no domingo).
CMN: A festa tem a parte religiosa, parte social com as entidades, e a quermesse, como é essa estrutura?
Josmar: Nós trabalhamos somente com voluntários, começando com a gente, mas todos temos custos e como eu falei 25% da festa não paga a estrutura, então para isso nós fazemos os almoços, os jantares, as novenas. O nosso patrocínio foi muito generoso, os mais caros foram vendidos e estamos muito contentes. A preparação que fizemos durante o ano todo, está tudo dando muito certo.
CMN: Como vocês avaliam esse primeiros dias da programação?
Maria Tereza: Eu acho que está superando as expectativas. Na primeira Alvorada (realizada no sábado, dia 20) foram 4 mil pessoas.
Josmar: Nós servimos o pão com mortadela, que já é uma tradição da festa, o café preto, e uma cangalha que é um biscoito. Na segunda-feira (dia 22) a Alvorada foi no cemitério e tinha muita gente mesmo, acho que por volta de 3 mil pessoas.
Maria Tereza: Acho que estava todo mundo ansioso pela volta da festa. Mesmo tendo a parte religiosa, não tinha aquela parte social de estarmos ajudando as entidades.
Josmar: Nós vamos servir esse ano 7 mil afogados. O que a gente quer é a festa crescendo em todos os sentidos até o afogado do povo, que servimos gratuitamente no dia da Entrada dos Palmitos.
CMN: Como são os custos da festa?
Josmar: Tem muitas pessoas que falam que a festa está cara, mas a gente procura deixar um valor menor do que nos lugares que vendem o mesmo na cidade. Na festa, a pessoa tem que pensar está ajudando uma entidade, são 30 entidades beneficiadas.
Nós também pedimos e aceitamos doação, mas o que vem é muito pouco. Quando a gente fala em doce de abóbora, estamos falando em oito toneladas a gente tá falando 8 toneladas de doce de abóbora. A gente não ganha nada disso. A carne também é a mesma coisa. Estamos comprando 5 toneladas de carne somente paro afogado e tem mais 3 toneladas que vai para o churrasco. No afogado do povo são 1.200 quilos, mesmo conseguindo um preço de custo, a gente tem que pagar. Todos que vão à festa estão ajudando as entidades.
Maria Tereza: Esse ano a gente tem o aplicativo, que é uma novidade. Você vê a tabela, o valor e para quem vai aquilo que você está comprando, qual entidade. Você vai saber quem você está ajudando e além do mais toda a programação religiosa e cultural no aplicativo. A gente fala que esse ano a Festa do Divino está na palma da mão.
CMN: Vocês estão fazendo a festa maior e trazendo inovação.
Josmar: Não estamos conseguindo colocar nas duas lojas de aplicativos, porque precisa de várias aprovações. No fim vai acabar ficando pra depois da festa, mas vai ser colocado. Nos cartazes, você entra pelo QR Code e vai conseguir baixar o aplicativo. São 60 eventos da festa. Nós estamos acordando 4h30 da manhã pra ir para a Alvorada, acabamos de fazer uma visita ao hospital e viemos para a entrevista.
CMN: Uma das novidades desse ano é o cartão de pagamento?
Josmar: O cartão da festa pode ser adquirido no Caixa Central ou com as meninas que são volantes. Nós aceitamos dinheiro, PIX, cartão de crédito, cartão de débito, e também o pagamento na plataforma pelo aplicativo. Cada barraca tem duas a três maquininhas, qualquer um dos 148 itens na festa, é só a pessoa da barraca clicar e já liberou. Isso é muito bom pro nosso controle, para quando vamos acertar nossas contas com as entidades e com tudo que temos que pagar.
Além de tudo temos o Divino Verde, então estamos economizando papel nisso e não jogando sujeira na rua com os dinheirinhos e em outras coisas. Também fizemos uma caminhada no sábado (dia 20), onde plantamos mudas. Isso também é muito bacana pra gente.
Maria Tereza: No Divino Verde, você também pode estar trocando uma garrafa com óleo que você não vai utilizar mais e ganhar a cada litro uma pedra de sabão. A troca é feita na festa, em um dos box do Divino.
CMN: É uma rotina bastante corrida?
Josmar: Não paramos entendeu. Também vamos para a quermesse e ficamos até meia-noite. Vamos deixar pra dormir na segunda feira (dia 29).
CMN: Vamos convidar o público para prestigiar a programação.
Josmar: Nós temos agora a Entrada dos Palmitos, no sábado, e todos estão convidados. Nós estamos falando em 15 mil pessoas no cortejo e já está tudo bonitinho, uniformizado, cada um no seu lugar. Temos todos os grupos folclóricos participando. Esperamos 35 mil pessoas mas se vierem mais todos são muito bem-vindos.
Maria Tereza: No sábado ainda teremos a Missa Campal com o padre Antônio Maria, às 15 horas, e uma apresentação com o Guilherme Dela Plata (às 18h30).
Josmar: Ele é um cantor da cidade. Também temos a novena à noite ainda no sábado e todos esse dias. No domingo (dia 28), teremos a Procissão de Pentecostes, com os tapetes e a participação do bispo.
CMN: Quais os outros destaques destes últimos dias da Festa do Divino?
Maria Tereza: No domingo (dia 28), tem a Alvorada às 5 horas da manhã, a Procissão de Pentecostes às 16 horas, e em seguida temos a missa presidida pelo bispo Dom Pedro Luiz Stringhini. E terminando a missa teremos a incineração dos pedidos feitos às rezadeiras. Todas vão estar com sua caixinha de pedidos recolhidos por onde elas passaram durante todos esses meses. Esses pedidos são incinerados em frente do Império.
Josmar: Esse pedido é incinerado justamente porque elas andam sempre com caixinhas de perguntas. A pessoa quer uma graça, quer um pedido e coloca ali. A gente simboliza queimando, que isso vai pro céu e vai ser atendido. Como eu falei são 120 rezadeiras, que visitaram 2.500 casas e têm várias caixinhas de pedido. A gente vai incinerar em 5 tambores. É um momento bem marcante da festa, uma tradição.
Maria Tereza: Na sequência é o fechamento do Império e a descida do mastro, simbolizando o encerramento da festa. Temos também um oratório para cada entidade e todo dia, na hora em que é aberta a quermesse todas as entidades vão até o subimpério, onde eles pegam esse oratório, fazem uma oração e levam para a barraca todos os dias e trazem no final da quermesse.
Josmar: O clima da festa está muito legal. Nós tivemos o show dos Demônios da Garoa (no sábado) e estava lotado e agora esperando que a festa seja maior ainda até o domingo.
CMN: O que o Divino representa para vocês?
Josmar: Nós temos deixamos o nosso trabalho durante esses dias e graças a Deus temos pessoas muito competentes que cuidam para nós. Eu acho que é o Espírito Santo que nos ilumina e nos conduz nessa vida, e temos tudo que precisamos e até mais. Já há algum tempo é o momento de fazer essas doações e estamos aqui realmente para trabalhar para as pessoas. O Divino Espírito Santo para nós é tudo, é vida. Como eu falei antes, envolvemos a família toda.
(Colaborou Joyce Canele)