O Especial Mulheres do Café com Mogi News traz nesta terça-feira (4) a primeira parte da uma entrevista com as jornalistas que compõem a Redação do Grupo Mogi News: Katia Brito, Aline Sabino e Cibelli Marthos. Encerrando as homenagens do mês de março uma roda de conversa descontraída com as profissionais, que contam seu ingresso no mercado de trabalho e os desafios do dia a dia. Com oferecimento da Padaria Tita, o novo episódio terá sua segunda parte divulgada na quinta-feira (6).
Formada pela Faculdade Cásper Líbero, Katia, hoje editora do Grupo Mogi News, conta como sua visão sobre o jornalismo foi se modificando desde seu ingresso na graduação há mais de 20 anos. A ideia "romantizada" que possuía acabou indo de encontro às demandas da realidade, e deu lugar a uma visão mais madura: "A gente perde um pouco o brilho nos olhos, aquele encanto, mas é uma coisa apaixonante o jornalismo".
Responsável pelas redes sociais do Grupo MN, Aline, que cursa MBA em marketing ditigal, traça uma linha do tempo de sua carreira, passando pelo rádio, televisão, redação e nas redes sociais. "O online está tomando conta. Hoje a primeira coisa que as pessoas vão procurar é o celular, é uma coisa prática para ver e se atualizar no dia", destacou.
Cibelli, jornalista do Grupo MN, onde já atuou como editora e chefe de reportagem, e retornou para a equipe nos últimos meses, destaca a função didática do jornalismo e faz um balanço da importância sobretudo no combate à notícias falsas impulsionadas pelas redes sociais. "Eu acho que todos os momentos políticos do Brasil que a gente viveu, e ainda vive um pouco, mostram o quanto a imprensa é importante", ressaltou. Saiba mais neste primeiro episódio especial.
Café com Mogi News: Como foi esse processo de entrar na faculdade, ter uma visão do que é o jornalismo e depois no mercado de trabalho? A visão do jornalismo mudou?
Katia Brito: A gente tem uma visão até meio romantizada do jornalismo quando a gente entra na faculdade. Na verdade, eu tentei Letras, pensando em outros caminhos, mas quando você entra na faculdade, tudo é novidade, você acha que você vai salvar o mundo. Você aprende a teoria, mas a prática é totalmente diferente, a gente perde um pouco o brilho nos olhos, aquele encanto, mas é uma coisa apaixonante o jornalismo, porque você aprende todo dia, são pessoas novas, vai mudando a equipe.
Aline Sabino: Quando a gente entra na faculdade, a gente tem mais uma visão do que é por fora, do que são as matérias prontas. Você vê a imagem da notícia já pronta, a gente não tem noção do que são os bastidores, de como é a apuração daquela notícia. Então quando a gente entra na faculdade, você vê que não é aquilo, que tem todo um processo, e quando começa a trabalhar e estagiar, você consegue entender que há um processo para chegar naquele resultado.
Cibelli Marthos: Eu fugi um pouco da regra porque eu não queria ir pro lado de TV, eu queria ir pro jornal impresso mesmo. Eu sempre gostei de ler o jornal. Eu imaginava como seria fazer todas aquelas páginas. Na minha família, minha mãe falou: “Nossa, jornalismo? Você tem certeza?”. Meu pai falava que era um mercado difícil, mas eu bati o pé e falei que eu queria. A gente entra com comunicação social, e é junto com publicidade, rádio e TV, Jornalismo, e começa a avaliar se está no caminho certo e eu tive a certeza que queria o Jornalismo mesmo. O que me chamava muita atenção na faculdade era língua portuguesa. Eu tinha e sempre tive essa preocupação, acho que a gente tem que escrever bem, falar bem, enfim e nem sempre a gente consegue alcançar excelência. A gente vai afinando, vai vendo o que gosta e vai sentindo a diferença, porque a faculdade não dá nem metade da ideia do que a gente vai fazer depois. No dia a dia é outra coisa e é bem melhor, na minha opinião do que eu aprendi na faculdade. Se me perguntar se eu faria de novo, sim, eu faria várias vezes na verdade.
CMN: Como é que vocês veem a posição da mulher, ela conseguiu galgar novas posições dentro do jornalismo?
Katia: O Jornalismo, na minha visão, não tem tanto essa questão. Na minha experiência, eu sempre tive chefes, na verdade sempre foram mulheres com quem eu aprendi muito. Vou até aproveitar para mencionar a Vera Marcolino, no meu começo no Mogi News, foi com ela que eu aprendi e ela é uma pessoa que eu tenho para minha vida e assim a gente vai aprendendo. Como a Cibele falou, aqui foi e é uma escola. A gente está sempre aprendendo, sempre evoluindo. Eu acho que no Jornalismo não tem muito essa disputa.
Aline: Desde o início sempre tive também chefes mulheres, então acho que a mulher já está no mercado de trabalho, tendo oportunidades de maneira igual e também na TV, onde antigamente eram mais os homens que dominavam as bancadas. Hoje as mulheres estão tendo bastante espaço, as mulheres negras também têm o seu espaço. Eu acho daqui para frente sempre teremos mais espaço ainda.
Cibelli: Eu acho que as mulheres conquistaram o espaço, mas como eu passei mais tempo de jornalismo na rua, fazendo reportagem, e em algumas áreas as mulheres ainda são vistas de outra forma. Por exemplo, quando a gente vai fazer polícia, é diferente um homem abordar um policial e uma mulher abordar um policial. Claro que não é regra, mas às vezes acontece se a mulher é muito jovem e eles falam: “daqui a pouco a gente passa a informação”.
Às vezes você vai encontrar um entrevistado que no caminho se acha no direito de fazer alguma gracinha ou falar o que não deve, mas tudo faz parte do comportamento da gente, isso é para tudo na vida, não é só no jornalismo, é a gente saber se colocar e colocar o nosso trabalho na frente. Essas situações vão acontecer por um bom tempo ainda. Mas, graças a Deus, o mercado está cada vez mais feminino. As mulheres têm talvez uma sensibilidade a mais em escrever alguma coisa ou ver alguma situação.
CMN: Como é ter a rotina profissional e ter filhos, família, como vocês conciliam as duas coisas?
Cibelli: Precisa ter várias mulheres, para uma mulher jornalista, tem que ter outras mulheres para mediar, precisa ter uma logística e ela tem que ser muito boa na verdade.
Aline: A mulher tem que ter esses vários braços e saber dividir um pouquinho a rotina. Tem coisas que a gente tem que filtrar para não levar aquilo para casa. Também a rotina assim é quem tem criança pequena ou tem adolescente em casa, que também precisa de atenção. Sendo profissional e trabalhando fora, independentemente de ser na área do jornalismo, a mulher tem esse domínio. E sinto que eu tenho esse domínio de tentar conciliar pelo menos a minha rotina com a minha casa e com os meus filhos. E tem os braços também como a Kátia falou que ajudam, sempre tem alguém para auxiliar, para buscar ou dando uma força.
Katia: Eu acho que é muito desafiador, na verdade.
Cibelli: Às vezes é enlouquecedor. Acho que tem que ser um dia de cada vez. Há dias que são mais tranquilos. Você fala: “Administrei bem tudo isso aqui”, e tem dias que é uma grande confusão e você vai ficar menos presente, não tem jeito. Tem dias que a gente chega estressada em casa, e não adianta. É um desafio fazer tudo ao mesmo tempo no mesmo dia, e você reza para o dia seguinte ser mais tranquilo. A gente que faz isso e sente falta, se não for assim não dá, aquela paz demais também não agrada.
CMN: Para Katia, você também tem um blog, o “Nova maturidade”. O que atraiu você para falar do tema? Como que você entrou nesse universo tão específico do jornalismo?
Katia: Na verdade a história começa aqui também. A gente tinha a página de Maturidade ainda na outra sede de Braz Cubas, não lembro exatamente o ano, mas eu comecei a conhecer esse universo que é gigante na área do envelhecimento. É uma área do futuro, as pessoas não enxergam isso ainda, mas somos os velhos de amanhã e temos os velhos de hoje, a população está envelhecendo.
Eu montei o blog em 2015, mas eu não dei continuidade porque ainda estava nessa rotina do jornal, mas em 2019, eu dei uma pausa e consegui me dedicar de verdade, foi um ano muito bacana. Eu consegui ir aos eventos, conhecer pessoas, me aprofundei, eu fiz a pós-graduação em Gerontologia, que é a área que estuda o envelhecimento. Você vai conhecendo coisas, as pessoas, e trabalha também em causa própria, porque eu também quero envelhecer bem, eu quero uma vida longeva. E o que me trouxe de volta também foi um pouco disso, foi a página de Maturidade, ela já tinha sido retomada, mas com a minha experiência, a gente acabou unindo as duas coisas. É uma área que me encanta e eu pretendo dar continuidade.
(Colaborou Katia Brito e Eduarda Martins)