O novo episódio do "Café com Mogi News" entrevista o dr. Álvaro Isaías Rodrigues, diretor administrativo do Centro Oncológico, em Mogi das Cruzes, que destaca ações como o projeto "Guerreiras", em parceria com a Rede Guiomar Pinheiro Franco, em referência a campanha Outubro Rosa, de conscientização e prevenção ao câncer de mama. A iniciativa, idealizada por ele, reuniu 13 mulheres recém-curadas para uma sessão de fotos inspirada nas guerreiras amazonas. As fotos produzidas para um calendário, previsto para o fim deste ano, também deram origem a uma exposição itinerante.
"A gente entende que o momento em que existe o diagnóstico não é uma sentença de morte, mas é o começo dessa transformação dessa sua própria versão guerreira, para conseguir lutar contra a doença e seguir o tratamento", destacou Rodrigues na entrevista, ressaltando também a importância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento.
O Café com Mogi News, em parceria com a Padaria Tita, traz histórias de superação e exemplos da comunidade. Além do idealizador, o próximo episódio vai destacar as guerreiras Lenita Kelly de Oliveira e Maria Helena de Freitas. Elas têm inspirado e acolhido outras mulheres na luta contra a doença. Saiba mais sobre o trabalho do dr. Álvaro, a exposição e o Centro Oncológico nesta entrevista especial.
Café com Mogi News: Como surgiu o projeto Guerreiras, iniciativa que tem foco no Outubro Rosa?
Álvaro Isaías Rodrigues: Nós fazemos todo ano um calendário, e neste ano a gente se lembrou de uma lenda que existia sobre as guerreiras amazonas, que retiravam um dos seios para praticar arco e flecha, o que acaba sendo parecido com muitas lutas que as mulheres têm contra o câncer de mama. Às vezes tem que tirar, às vezes não, às vezes totalmente, às vezes parcialmente. E a gente percebeu também que essa ligação é muito mais forte, porque a gente entende que o momento em que existe o diagnóstico não é uma sentença de morte, mas é o começo dessa transformação, dessa sua própria versão guerreira, para conseguir lutar contra a doença e seguir o tratamento.
CMN: O Centro Oncológico sempre faz ações ligadas ao Outubro Rosa, e como vocês enxergam essa importância do trabalho de vocês?
Rodrigues: É muito importante. A gente sempre faz algumas ações e infelizmente durante esses dois anos de pandemia não pudemos fazer muito. Mas nós temos muitas ações tanto no Outubro Rosa, quanto no Dezembro Laranja, que é a prevenção do câncer de pele. Mas o que a gente percebeu é que está ligado principalmente ao Outubro Rosa, existem dois pontos fundamentais para que exista maior chances de cura da doença: o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento. O que nós conseguimos mostrar, com nossas 13 modelos, nossas três guerreiras, é que é possível lutar e é possível vencer. Com isso a gente quer que as pessoas saibam que não precisam ter medo de ter o diagnóstico, porque a gente sabe que isso existe. O paciente tem medo de ir e descobrir alguma coisa, e a gente quer mostrar que não, que tem que ir atrás, que não pode ter medo de escutar o que você não quer ouvir. E se por um acaso, for diagnosticado, que saiba que vai ter forças e ajudar para que você consiga lutar contra a doença. E eu acho que isso é importante, realmente nessa construção da imagem, de ter colocado essas guerreiras mostrando isso. Acho que a gente conseguiu mostrar 13 casos de vitória.
CMN: Como o calendário virou a exposição? Exposição que está correndo o Alto Tietê.
Rodrigues: Olha, quando a gente viu as fotos a gente achou que ficou muito bom. Esse ano foi uma coisa muito colaborativa. A gente conseguiu achar 13 modelos muito dedicadas, que não só tiraram fotos, mas elas tem muito para falar também, têm muitas histórias para contar também, são assim, realmente exemplos. E várias pessoas, e o próprio local que a gente teve agregou muito. São todos voluntários. Tudo isso tem no site oncomogi.com.br,
CMN: A exposição também esteve na Câmara na Prefeitura de Mogi.
Rodrigues: Isso, exatamente. Também está no shopping até o fim do mês e já esteve em Poá também e em Suzano, no shopping de Guarulhos. Na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), em várias estações, espalhadas desde Suzano até a Luz. Então para quem for pegar o trem é legal prestar atenção. A gente pretende oferecer depois para outras cidades do Alto Tietê.
CMN: Então a ação não termina no Outubro Rosa, ela vai ter uma continuidade?
Rodrigues: Ela vai ter uma continuidade sim porque a gente percebeu que ficou uma mensagem realmente muito poderosa, com muito significado e que pode ajudar muitas pessoas a chamarem para si isso, tanto quem tem que ser alertado e que não pode fugir do diagnóstico, ou dessa busca daquilo que você não quer ouvir, como quem também está diagnosticado e precisa de força para conseguir lutar. Depois, lá no Centro Oncológico, a gente vai fazer vários eventos, na busca do bem-estar oncológico. Então, a gente não pode ignorar a questão de autoestima, questão de maquiagem, fisioterapia, micropigmentação de sobrancelha, porque tudo isso, essa resposta da autoimagem, de busca da beleza também, é muito relevante para a adesão do tratamento.
CMN: Não é só uma questão estética? É uma questão de autoestima.
Rodrigues: É uma das coisas que eu aprendi, achava que isso era uma coisa um pouco mais superficial, mas quando você faz isso você também demonstra realmente uma autoestima, você mostra que se gosta. Às você precisa mostrar para você mesmo que você gosta de você. Percebemos isso nos últimos anos e queremos fazer alguns eventos voltados a esse bem-estar oncológico e depois seguir com essa linha lá no Centro Oncológico e oferecer para o público e pacientes. No site também tem nossa programação do Outubro Rosa sobre os eventos que faremos dentro do Centro Oncológico.
CMN: Como é o trabalho do Centro Oncológico hoje, quais ações que vocês desenvolvem e quais atendimentos são oferecidos?
Rodrigues: O nosso foco é na parte de radioterapia e quimioterapia. Nós também temos o cirurgião oncológico mas não temos a cirurgia. Dentro desse núcleo em que fazemos radio e quimio, a gente também faz consultas, fisioterapias, temos psicologia, e o mais importante hoje é que estamos conseguindo agregar muitos parceiros para o tratamento oncológico. Eu destaco que uma das coisas mais importantes que a gente tem é o trabalho do nosso concierge oncológico, porque como a gente sabe que Mogi, Suzano e o Alto Tietê de uma forma geral, esse tratamento oncológico acaba sendo um pouquinho fragmentado, porque é cirurgia aqui, exame ali, radio com a gente, quimio com a gente, mas outras coisas estão fora. Essa nossa equipe de concierge ela tende a agregar tudo que o paciente precisa e facilitar para que ele consiga achar na região mesmo, porque a gente sabe que na região a gente tem muitos parceiros que tem qualidade.
CMN: O que você diria para alguém que está passando por esse tipo de problema? Tem a importância desse diagnóstico precoce, como você falou de não ter o receio da doença, pois existe a possibilidade de cura.
Rodrigues: Exatamente. O mais importante sempre é a procura do médico.
CMN: O autoexame ainda é recomendado?
Rodrigues: Sim. Isso é um ponto interessante. O autoexame da mama é recomendado, mas ele não substitui a mamografia. Tem que sempre agregar, não pode substituir. Então essas são as duas recomendações que a gente dá, principalmente para a mulher que vai regularmente ao ginecologista, tem que achar alguém que ela confie e tem que seguir. Então “ah, eu acho que você tem que fazer mamografia. Achei alguma coisa estranha, acho que você tem que fazer uma biópsia”, aí tem que fazer realmente o mais cedo possível. E para quem descobriu sozinho, realmente tem que achar um médico em que confie e seguir o que ele diz.
CMN: A adesão é o mais complicado? É um desafio?
Rodrigues: É um desafio. É um desafio justamente pelo impacto psicológico. Às vezes quando tem que retirar o seio o impacto é muito grande, a queda do cabelo pode ser um impacto muito grande. Mas assim, isso é temporário, passa. Tira o seio mas existe possibilidade de prótese, o cabelo cresce de novo e o principal é aceitar o tratamento.
(Colaborou Geraldo Campos)