A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, classificou hoje (30) como "um fracasso" a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no início da semana, e que deixou ao menos 121 pessoas mortas. Ela prometeu uma perícia independente para averiguar as circunstâncias dos assassinatos na ação.   A fala da ministra contrasta com a declaração do governador Cláudio Castro ao apresentar os resultados da Operação Contenção, ontem, na qual chamou a ação de um "sucesso". "A gente teve uma demanda da comunidade de estabelecer a perícia independente e autônoma, nosso Conselho Nacional de Direitos Humanos já nos comunicou sobre isso, e estamos trabalhando para que isso se efetive", afirmou à imprensa, após encontro de mais de duas horas com lideranças da comunidade e familiares das vitimas da Operação Contenção. Ao menos 121 pessoas foram assassinadas na ação das polícias civil e militar nas comunidades, terça (28), de combate do tráfico de drogas, com a intenção de enfrentar a expansão da facão Comando Vermelho pelo país. Além dos mortos, mais de 80 pessoas foram presas. A polícia também apreendeu 118 armas e drogas.  Devido à alta letalidade, no entanto, a ministra Macaé Evaristo condenou a operação, chamada de abominável e "um horror" por também expor pessoas inocentes ao risco de morte.  "Essa operação foi um fracasso. É inadmissível uma operação para o combate ao crime organizado, que é o que nós defendemos, não usar inteligência para garantir a sua efetividade,"afirmou . "Ninguém tem objetivo de matar as pessoas, se agente quer combater o crime, temos que começar chegando aonde está o dinheiro. Porque se tem crime organizado, tem setores que estão lucrando com esse crime organizado" No encontro, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, que também estava presente, acrescentou que "nenhum corpo tombado" deve ser aceitável, reforçando a crítica à letalidade. As ministras, ao lado de parlamentares federais e estaduais, participaram do encontro com a comunidade na sede da Central Única de Favelas, a Cufa, poucos metros de onde a comunidade de Vila Cruzeiro expôs cerca de 80 corpos foram retirados da mata pelos moradores, ontem (29).  Ministras dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, durante reunião com representantes da comunidade e familiares das vítimas da Operação Contenção. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil Os representantes também receberam demandas por atendimento psicossocial, serviços públicos, além de alternativas de trabalho para a juventude local. A ministra Macaé prometeu uma comissão emergencial integrada por vários ministérios para atender às reivindicações."A comunidade, além de apresentar toda a dor  desse processo, trouxe um olhar, um pedido de paz, mas elas também querem ter direitos, direito à educacao, saúde, assistência e, especialmente, direito a um trabalho decente para a juventude ". A comissão deve ser integrada pelos Ministérios da Saúde, Educação, Assistencial Social, Igualdade Racial, Desenvolver Social e Mulheres.   Relacionadas Letalidade da Operação Contenção desrespeita comunidades, dizem ONGs DPU pede para acompanhar perícia de mortos após operação no Rio Fórum Brasileiro de Segurança Pública condena operação no Rio