A Câmara dos Deputados do Uruguai votou nesta quarta-feira (13) pela legalização da eutanásia, a exemplo de Cuba, da Colômbia e do Equador, em uma mudança social na América Latina predominantemente católica. O projeto de lei para descriminalizar a morte assistida foi aprovado por 64 votos na Câmara, com 99 assentos, após debate acalorado durante a noite. Ele agora segue para o Senado, que deverá aprovar a legislação antes do final do ano. De acordo com a nova lei, adultos mentalmente competentes que sofrem de doenças terminais ou incuráveis podem solicitar a eutanásia. Uma emenda importante parece ter ajudado a convencer os parlamentares uruguaios contra a proposta original de 2022, exigindo que uma junta médica analise o caso se dois médicos envolvidos discordarem. O parlamentar Luis Gallo, que abriu o debate, lembrou de pacientes falecidos que inspiraram o projeto de lei. "Não nos esqueçamos de que o pedido é estritamente pessoal: ele respeita a vontade livre e individual do paciente, sem interferência, porque diz respeito à sua vida, ao seu sofrimento, à sua decisão de não continuar vivendo", disse Gallo, da coalizão governista de centro-esquerda Frente Ampla. As pesquisas de opinião mostram amplo apoio público à eutanásia, desde o presidente Yamandú Orsi. O Uruguai também foi pioneiro na legalização do casamento gay, do aborto e do uso da maconha. A discussão nacional sobre a eutanásia foi trazida para o centro político em 2019 por um ex-dirigente esportivo, Fernando Sureda, que foi diagnosticado com uma doença degenerativa. Sureda, que comandou a associação de futebol do Uruguai, defendeu publicamente o direito de morrer. O Uruguai se junta a uma lista crescente de países, incluindo Canadá, Espanha e Nova Zelândia, que legalizaram alguma forma de morte assistida. O Reino Unido também está fazendo o mesmo. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Morte de Antonio Cicero reacende debate sobre eutanásia