O mundo deve consumir este ano 516 milhões de toneladas de plástico, um produto que contaminou a água, os alimentos e o ar, alerta a Organização das Nações Unidas (ONU), que este ano dedica o Dia Mundial do Ambiente ao combate ao plástico. O Dia Mundial do Ambiente foi criado pela ONU em 1972. Marcado por uma mobilização global contra a poluição por plástico, o Dia Mundial do Ambiente será comemorado nesta quinta-feira (5) e tem este ano como país anfitrião a Coreia do Sul. O lema é Combater a poluição por plástico e ocorre exatamente dois meses antes de nova reunião mundial para negociar um tratado global destinado a acabar com a poluição por plásticos. Na página oficial sobre o evento, a ONU destaca que a poluição por plásticos está presente em todos os cantos do planeta e também nos corpos humanos, sob a forma de microplásticos, e explica que a data tem como objetivo encorajar pessoas, organizações, indústrias e governos a adotarem práticas sustentáveis que conduzam a uma mudança sistêmica. “A poluição por plásticos está a sufocar o nosso planeta, prejudicando os ecossistemas, o bem-estar e o clima. Os resíduos de plástico entopem os rios, poluem os oceanos e põem em perigo a vida selvagem”, diz o secretário-geral da ONU em mensagem para o Dia Mundial do Ambiente. António Guterres lembra que quando decomposto em pequenas partículas, o plástico chega a todos os cantos da Terra, do topo do Monte Everest às profundezas dos oceanos, e mesmo aos cérebros humanos e ao leite materno. Em nota otimista, ele destaca o “crescente envolvimento” das pessoas, os passos no sentido da reutilização, ou as políticas para reduzir os plásticos de utilização única. Gutérres lembra ainda a reunião de agosto (5 a 14 na Suíça) para elaborar um tratado global a fim de acabar com a poluição por plásticos. “Este ano, precisamos de um acordo ambicioso, credível e justo. Um acordo que abranja o ciclo de vida do plástico, na perspectiva das economias circulares, diz na mensagem, pedindo que o acordo seja implementado rapidamente. A ONU destaca a dispersão do plástico, mas não o considera diabólico, afirmando que o material trouxe benefícios inegáveis, desde a poupança de energia à conservação de materiais. Patrícia Carvalho, coordenadora do Pacto Português para os Plásticos (PPP), em declarações à agência Lusa frisa que a luta não é contra o plástico mas sim contra a má utilização do plástico, um material que é útil em muitas áreas. O que se pretende não é eliminar o plástico, é garantir a sua circularidade, diz, recordando que há poucos meses foi publicada legislação europeia importante, um regulamento sobre embalagens e resíduos de embalagens, que contempla metas. Esse tem sido, acrescenta, um dos trabalhos do PPP, explicar a nova legislação, além de uma série de divulgações online, visitas técnicas e campanhas sobre o plástico, entre outras iniciativas. Otimista, considera que as pessoas estão mais informadas e atentas e que fase de tornar diabólico o plástico passou, levando à etapa de entendimento de que é preciso agir. Mas “é preciso mais ação”, é preciso mais reciclagem, uma área cujas metas não estão sendo cumpridas. Na redução do plástico, diz, há esforços que estão sendo feitos também pelos varejistas, desde a eliminação das embalagens escuras à melhoria nos rótulos, aos plásticos complexos. “A verdade é que podem fazer mais, mas têm feito muita coisa”. “Há um caminho que está sendo feito. Acho que há uma consciência muito maior e empresas e marcas estão à procura de soluções”, resume Patrícia Carvalho, lembrando que do PPP fazem parte 119 entidades, 43 efetivos e 76 institucionais, unidos numa plataforma de colaboração. É preciso, defende, um bom sistema de coleta seletiva, justa e conveniente para a população, e que quem recicla seja recompensado. Além disso, que sejam feitas mais campanhas de sensibilização e que criadas políticas que promovam a prevenção e a reciclagem. Para o Dia Mundial do Ambiente, ela mantém o mesmo otimismo: “Achar que tudo é mau nos imobiliza. Qualquer ação, em qualquer lugar do mundo, é importante. Nem que seja não colocar um plástico no chão”. A ideia é defendida também pela ONU. “A mudança acontece por meio de todos nós”. Até 2060, o consumo global anual de plástico deve atingir mais de 1,2 bilhão de toneladas. A cada ano, 11 milhões devem ser derramadas nos ecossistemas aquáticos, e 13 milhões de toneladas são acumuladas no solo. Só 9% dos plásticos produzidos são efetivamente reciclados. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Poluição: no Brasil, aves estão fazendo ninhos com resíduos plásticos Bônus para catadores impede que plásticos poluam rios da Amazônia País passa a contar com selos de rastreabilidade de plásticos