O segundo mês do ano é marcado pela campanha Fevereiro Laranja, que tem como objetivo conscientizar sobre a leucemia. O câncer, segundo o hematologista e oncologista pediátrico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes (COMC), Roberto Plaza, é o mais comum na infância. A doença, segundo ele, pode ser detectada através de exames laboratoriais, como o hemograma completo, e existe cura para a leucemia quando o diagnóstico é precoce. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê 11.540 novos casos de leucemia no Brasil neste ano.
Para o especialista, a campanha Fevereiro Laranja é importante para combater a desinformação que ainda existe, inclusive entre profissionais da saúde: “A população geral desconhece o que é a leucemia e como você a trata, o que é o transplante, o que é a doação de medula. A desinformação acaba gerando algumas expectativas erradas em relação à doença”.
Leucemias
As leucemias, de acordo com o oncologista, são cânceres que acometem, principalmente, os glóbulos brancos (leucócitos), que são as células de defesa do corpo humano. Com a leucemia, essas células sofrem uma mutação em sua origem e começam a se proliferar de forma descontrolada e sem a defesa adequada para o organismo, deixando o corpo sujeito a infecções. Além disso, a doença interrompe a produção de outras células sanguíneas, como os glóbulos vermelhos (hemácias) responsáveis por transportar o oxigênio, e as plaquetas, encarregadas pela coagulação do sangue.
Segundo o hematologista, a cada três casos de câncer nas crianças, um é leucemia, sendo que na maioria das vezes trata-se da leucemia linfoide aguda (LLA). Os principais sintomas são palidez, febre persistente, anemia profunda, aumento do baço e do fígado, sangramentos, manchas e hematomas no corpo e o inchaço das ínguas. Já nos adultos, é mais comum a leucemia linfocítica crônica (LLC), geralmente assintomática no início.
A doença pode ser detectada através de exames laboratoriais, como o hemograma completo. Porém, o oncologista explica que para confirmar o diagnóstico é preciso realizar a punção aspirativa de medula óssea. O exame, também conhecido como mielograma, analisa a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas.
O especialista explica que alguns fatores aumentam as chances de desenvolver a doença, como a grande exposição à radiação, e para pessoas com síndromes genéticas, principalmente a Síndrome de down ou doenças de imunossupressão.
Tratamento
De acordo com o hematologista, existe cura para a leucemia quando o diagnóstico é precoce. O tratamento varia de acordo com o tipo da doença, podendo ser feito com quimioterapias, terapia-alvo, imunoterapia e radioterapia. Caso o corpo não responda bem a esses tratamentos ou a doença volte a se manifestar após um período de remissão, há ainda a opção de fazer o transplante de medula óssea. O especialista explica que o procedimento pode ser feito através de dois métodos seguros: punção ou aférese. A escolha é determinada pela equipe médica.
A punção, segundo o oncologista, é um procedimento feito com anestesia geral em centro cirúrgico. Com uma agulha, a medula é aspirada na região da bacia. O doador pode sentir uma leve dor no local, que pode ser tratada com analgésicos e a recuperação leva cerca de duas semanas. Plaza esclarece que a medula óssea não é totalmente retirada da bacia, apenas o volume de, no máximo, 10% do total. Já na aférese, o doador recebe um medicamento durante sete dias para estimular a produção de células-tronco. Após o período, o sangue é coletado e processado por uma máquina que separa as células da medula e devolve o restante ao doador. Em ambos os procedimentos, a medula do doador se regenera naturalmente.
Um terceiro método é a doação do sangue do cordão umbilical, geralmente coletado no momento do parto. Esse sangue é rico em células-tronco jovens e imaturas, que têm maior capacidade de adaptação ao organismo do receptor. O hematologista destaca ainda que a vantagem desse método é que não há necessidade de localizar um doador compatível e submetê-lo a a um procedimento de retirada da medula óssea, como acontece na punção ou aférese.
“A importância de ser um doador de medula óssea se dá pelo fato de ser um grande ato de solidariedade, que pode ajudar os pacientes que têm [leucemia] através do transplante, as suas únicas chances de cura”, declarou Plaza.
*Texto supervisionado pelo editor
Conteúdo produzido pelo Grupo Mogi News. A reprodução só é permitida citando a fonte “Grupo Mogi News”. Plágio é crime de acordo com a Lei 9.610/98