Os belos olhos claros e os traços delicados de Juliana Silveira acabaram por limitá-la ao posto de mocinha durante boa parte de sua carreira. No entanto, inquieta e vibrante, aos poucos, a atriz conseguiu mostrar que estava pronta para novas experiências. Aos 36 anos, ela acredita que tudo aconteceu na hora certa. "A maturidade tem me dado ótimas personagens. Acho que agora consigo usar minhas feições para outros tipos de emoções", conta a intérprete da poderosa e sensual rainha Kalesi, de "A Terra Prometida".
Na trama de Renato Modesto, a personagem personifica o pecado. Casada com o rei Marek, de Igor Rickli, a ruiva é ninfomaníaca, colecionadora de serpentes e tem o costume de mandar matar quem a desobedece. "É uma personagem forte e no limite do poder. Acho que toda atriz tem o desejo de viver uma rainha dessas", entrega.
Natural de Santos, litoral de São Paulo, Juliana conhece as engrenagens da tevê desde muito nova. Aos 13 anos, foi selecionada como assistente de palco da apresentadora Angélica e a acompanhou em emissoras como SBT e Globo, entre os anos de 1993 e 1997. Decidida a seguir a carreira de atriz, estreou em novelas no remake de "Pecado Capital" e logo depois atuou em "Laços de Família". O sucesso popular, no entanto, chegou ao viver a protagonista das temporadas 2002 e 2003 de "Malhação".
Sempre curiosa, trocou a Globo pela Band ao ganhar o papel principal de "Floribella" e, em 2007, assinou com a Record, onde, a partir de sucessos como "Chamas da Vida", se destacou como um dos principais nomes da emissora. "Começar muito nova me ajudou a ter a disciplina necessária. Tenho orgulho dos trabalhos que fiz até aqui e acho que muitas coisas diferentes ainda estão para acontecer", ressalta.
Porção sensível
A busca de Juliana Silveira pelos mais diversos tipos de personagem também tem seus dilemas. Tanto a neonazista Priscila, de "Vitória", quanto hoje a rainha Kalesi, levaram a atriz para universos bem diferentes de seu cotidiano. Durante a pesquisa para a trama bíblica, ela se surpreendeu com os costumes antigos em relação a mortes e oferendas humanas e de animais.
"Eu fico impressionada com tudo. Só que não posso ficar julgando para o bem da personagem", conta a atriz. Em "Vitória", de 2014, o tom atual dos fatos chocou a atriz, que pesquisou sobre a intolerância de grupos extremistas de direita contra minorias. ("A Terra Prometida", Record. De segunda a sexta-feira, às 20h30).