Eletrônica de bordo voltada à segurança preditiva - capaz de prever um possível acidente - foi o ponto de partida para as pesquisas que darão vida aos veículos de direção autônoma a partir de 2020. Embora muitas questões precisem ainda ser resolvidas, inclusive de legislação de trânsito e responsabilidade civil, alguns recursos já estão disponíveis e tendem a ser oferecidos não apenas em veículos premium ou de topo de gama.
Um exemplo é o controle ativo inteligente de velocidade de cruzeiro (i-ACC, na sigla em inglês) com capacidade de prever e reagir automaticamente no caso de outro carro ameaçar sair da sua faixa de repente, manobra mais conhecida como "fechada". Quando isso ocorre em uma rodovia pode causar acidentes graves em cadeia, envolvendo vários veículos e colocando vidas em jogo.
A Honda anunciou que ainda este ano colocará na versão europeia do crossover médio-compacto CR-V o primeiro dispositivo desse tipo. Utiliza câmera e radar para analisar o tráfego à frente na estrada, como em outros ACCs. O recurso adicional de segurança vem de um algoritmo desenvolvido em situações reais de trânsito por estradas de toda a Europa para prever o que acontece nas faixas de circulação em torno.
O i-ACC age cinco segundos antes da efetiva invasão de faixa e aciona levemente os freios por precaução, além de avisar ao motorista por meio de um ícone iluminado no quadro de instrumentos. Se a ameaça se tornar verdadeira e o motorista demorar a reagir, os freios são aplicados para valer, de forma automática, até se restabelecer a distância de segurança prevista no controlador ativo de cruzeiro.
A calibração foi desenvolvida para o sistema atuar sem sobressaltos e reduzir praticamente a zero os riscos de colisão, algo essencial no projeto de direção autônoma ou semiautônoma que a maioria, senão todos os fabricantes, pretende oferecer.
Outro caminho foi explorado pela Bosch em colaboração com a Land Rover. Desenvolveu-se uma câmera de vídeo estéreo, conjugada a um sistema de frenagem emergencial, que dispensa o uso de radar ou a combinação deste com sensor de vídeo. Lentes sensíveis à luz e tecnologia tridimensional permitem cobrir um campo de visão horizontal de 50 graus e até 50 metros à frente, a fim de evitar acidentes em ambiente urbano.
Graças à captação de imagens em 3D, o cálculo para acionar os freios emergencialmente é mais preciso, independe de outros sensores e também pode identificar pedestres, em uma evolução posterior, para evitar atropelamentos. Outro avanço está nas dimensões compactas inéditas: a distância entre os eixos ópticos das duas lentes é de apenas 12 cm. As unidades de controle de dados e processamento de imagens estão integradas em um único bloco que cabe no interior do espelho retrovisor central, sem afetar o campo de visão normal do motorista.
A compacta câmera de vídeo estéreo, antes só disponível em automóveis grandes e caros, agora ficou mais acessível e integra a lista de opcionais do sucessor do Freelander II, o novo Discovery Sport, menor dos crossovers e SUVs da marca inglesa. Este é um dos modelos que serão fabricados no Brasil, em Itatiaia (RJ).