O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) voltou atrás da decisão sobre a obrigatoriedade na utilização dos simuladores de direção veicular nos Centros de Formação de Condutores (CFCs). A resolução já havia sido determinada em 2012, mas foi suspensa no ano passado. Agora, a lei entra em vigor dia 31 de dezembro. A medida pode trazer impactos financeiros e quem pretende tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a partir do ano que vem terá que preparar o bolso.
Algumas unidades de CFC na região já possuem o aparelho, porém, as aulas ainda são opcionais. A medida determina que o candidato tenha oito aulas no simulador, sendo, pelo menos, uma com conteúdo noturno. Por enquanto, a resolução será válida apenas para condutores de carros de passeio (Categoria B). Numa segunda etapa, o Contran afirmou que vai estudar a obrigatoriedade do simulador para quem dirigir caminhão, veículos comerciais, ônibus e motos.
Em uma autoescola de Suzano, as aulas no simulador são opcionais, mas uma das proprietárias da unidade, Ediane dos Santos, garante que é algo positivo para o aluno que está aprendendo a dirigir. "É importante porque o condutor já aprende os comandos do veículos e vai mais confiável para a rua. Assim ele tem um aproveitamento melhor nas aulas práticas", avaliou.
Os alunos que optarem por fazer aulas no simulador paga 15% a mais para ter as aulas. "Mesmo sem a obrigatoriedade, os alunos podem fazer as aulas no aparelho. Todos os dias tenho novos condutores utilizando o simulador, mas não são todos que querem fazer", contou Ediane.
O diretor-proprietário da autoescola Shangai, de Mogi das Cruzes, Sérgio Miranda, também avalia a medida como positiva para o motorista iniciante. A unidade já tinha adquirido o equipamento por comodato, mas devolveu depois que a decisão foi derrubada. "Toda e qualquer ferramenta utilizada na formação e aperfeiçoamento do condutor, além de trazer segurança, é sempre bem vindo. Mas o simulador tem que ser aperfeiçoado. Para quem tem noção de direção é um pouco chato", avaliou. "Ainda estamos aguardando o Detran (Departamento de Trânsito) regulamentar a decisão para adquirir o equipamento novamente", disse.
Sérgio ainda lembrou que a aquisição de um simulador trará reflexos nos preços cobrados pelas autoescolas. "O simulador custa em torno de R$ 40 mil, e isso terá de ser compensado para não entrar em prejuízos", explicou. "Sobre o reajuste, a princípio, vai depender de uma visão equilibrada dos empresários deste setor. Mas os valores deve resultar num reflexo de 30% a 45%", adiantou.
Para Rafael Feal, que é sócio diretor da auto escola São Judas, o simulador tem auxiliado muitos iniciantes. "Compramos o simulador assim que surgiu a resolução, mas depois a decisão caiu e decidimos manter o serviço opcional e não cobramos nada por isso", contou.