O pagamento do abono salarial por meio do Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) será creditado com atraso e alguns beneficiários só vão receber a partir do ano que vem. Parte do abono começou a ser disponibilizado ontem para quem não é correntista da Caixa Econômica Federal (CEF), mas o calendário sofreu alterações e quem não tem conta corrente ou poupança aberta na agência bancária poderá receber até março do ano que vem.
Isso porque o Ministério da Fazenda mudou as regras. Os primeiros a receber o bônus de R$ 788 foram os aniversariantes de julho. Tem direito ao benefício, quem trabalhou por, pelo menos, 30 dias no ano-base 2014, recebendo até dois salários mínimos e que tenha sido cadastrado, até 2010, no PIS para trabalhadores celetistas, ou no Pasep para servidores públicos. A princípio, o governo tinha a intenção de limitar o pagamento a quem tivesse trabalhado ao menos seis meses. A mudança, no entanto, foi derrubada no Congresso.
De acordo com a CEF, os nascidos entre julho e dezembro poderão sacar o benefício ainda este ano, enquanto os nascidos entre janeiro e junho receberão no primeiro trimestre de 2016. "Os benefícios ficam disponíveis para saque até o dia 30 de junho de 2016. Após esta data, os valores não sacados retornam ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)".
O proprietário de uma lotérica em Mogi das Cruzes e delegado sindical da cidade, Roberto Pirani, conta que já está ouvindo queixas de clientes que vão até o estabelecimento. "Quem estava contando com esse dinheiro, não vai ter. É complicado. O governo não mexeu com o auxílio-reclusão ou com o Bolsa Família, ele mexeu com o bolso do trabalhador", avaliou. "Esse dinheiro já estava programado. A mudança foi no meio do ano, de repente, sem aviso".
A nova medida gerou repercussão entre os beneficiários. Alguns foram pegos de surpresa e ainda tinham muitas dúvidas sobre as mudanças. A cobradora Ana Cardoso, de 54 anos, estava cheia de dúvidas, mas desaprovou a nova medida. "Achei muito ruim, porque já contava com esse dinheiro. Fui pega de surpresa", reclamou. "Esse é um dinheiro extra que a gente espera todo ano. É um direito que, nós trabalhadores, temos", desabafou.
A funcionária pública estadual Ângela de Oliveira, 50, também não concorda com as alterações no calendário para receber o abono. "É ruim, porque muitas pessoas já estavam esperando esse dinheiro extra", disse. "Se o governo começou a mudar as regras deste ano, com certeza, vão querer mudar no ano que vem. E isso prejudica a classe trabalhadora", avaliou Ângela.