A história da humanidade já nos revelou inúmeros impérios. Quase todos baseados no domínio territorial conquistados via guerras.  O mais longevo deles foi o Império Romano que atravessou diversas eras, durando essencialmente de 27 a.C. a 1453 d.C. — um total de 1.480 anos.

Depois de tantos séculos marcados pela sucessão de impérios caracterizados pela conquista de territórios e povos, chegamos ao século XX. E com o fim da Segunda Guerra Mundial, surgem outros protagonistas. Os EUA, que saem da guerra como uma grande potência bélica e, no tabuleiro da geopolítica, divide as áreas de influência com outra potência vitoriosa, a Rússia.

Assim começa a história do mais recente império, o americano. Um imperialismo com características muito diferente dos outros, pois não dependente de dominação territorial. Esse imperialismo se deu muito em função de uma imposição bélica dos EUA, mas principalmente por questões econômica. E, provavelmente, a característica mais evidente é o fato de a moeda americana ter sido utilizada por décadas a fio como moeda corrente nas transações comerciais entre países.

Mas existe no horizonte alguns indícios de que esse império caminha para seu fim. Algumas previsões indicam que a economia chinesa deve ultrapassar a americana ainda em 2028. E a China tem ampliado suas parcerias, principalmente com países da América do Sul, com investimentos pesados em infraestrutura. Diferente dos EUA que enxergam esses países como seus quintais. 

Além disso tem o Brics, que muito tem se fortalecido como importante mecanismo de cooperação econômica e desenvolvimento formado por economias emergentes. Ele, além de ampliar muito o número de participantes, discute hoje a possibilidade de seus membros realizarem suas transações em outras moedas que não o Dólar. E esse é um dos motivos que fazem com que os EUA travem com o mundo uma guerra fiscal de grandes proporções. 

E é justamente o fator Trump, mais um elemento que sinaliza para a derrocada desse império, na medida em que sua política tem provocado um isolamento crescente dos EUA perante o mundo. E mesmo internamente, está cada vez mais claro que diversos setores produtivos americanos estão criticando cada vez mais as decisões daquele governo.

A história nos mostra que os impérios se estabelecem, ganham amplitude e força, mas depois definham. Nada é absoluto ou perene. Ou seja, todo império tem início, meio e fim.

 

Afonso Pola (acelsopp@gmail.com) é sociólogo e professor