Um dos destaques da nossa região não é a realidade do resto do Brasil. A infraestrutura logística nacional é um problema enfrentado pelas indústrias brasileiras, incluindo as instaladas no Alto Tietê, que, apesar de contar com importantes rodovias, ter um aeroporto como vizinho e o principal porto do país a poucos quilômetros, precisa escoar sua produção e receber insumos de outras partes menos privilegiadas.
A dependência do transporte rodoviário é um dos grandes gargalos da indústria nacional. Hoje, 65% das cargas são levadas por meio de estradas, que, sabemos, em grande parte, não estão em bom estado de conservação. A isso se soma o preço instável do diesel, principal combustível utilizado pelos caminhões, o que eleva os custos de deslocamento e impacta a rentabilidade dos negócios. Acrescentando a essa conta a busca pela sustentabilidade, o resultado é um modal que precisa ser revisto.
Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), apenas 21% das cargas são transportadas por meio de ferrovias, uma situação diferente da observada em países de dimensões continentais, como os Estados Unidos e a China. No Alto Tietê, possuímos o porto seco da Companhia Regional de Armazéns Gerais e Entrepostos Aduaneiros (Cragea), localizado em Suzano, que é um importante aliado no escoamento da nossa produção — um modelo que poderia ser replicado em outras áreas da região.
A solução para esse desafio logístico passa por uma reestruturação no modelo de transporte adotado. É possível desenvolver modelos sustentáveis e inovadores para essa questão. Uma logística mais integrada e diversificada pode ser a chave para o fortalecimento das indústrias brasileiras, com reflexos positivos tanto para o desenvolvimento econômico local quanto para a competitividade no mercado global. No entanto, isso exige esforços que envolvem, principalmente, políticas públicas assertivas e comprometidas.
José Francisco Caseiro é diretor regional do CIESP Alto Tietê