Com uma visão apocalíptica sombria sobre o futuro da humanidade, Aldous Huxley nos dá uma leitura chocante, em seu livro Admirável Mundo Novo, do homem natural num mundo não natural, onde num Éden sem alma a liberdade jaz morta e os conceitos de moralidade são esquecidos. Uma sociedade estranha onde os princípios de família são abolidos e os vocábulos "pai" e "mãe" tornaram-se banais. Um amanhã aterrador é possível. Em lugar da liberdade o condicionamento químico do individuo sujeito a uma escravidão satisfeita e alienada, feliz e entorpecido de ácido lisérgico.  

De uma maneira utópica Huxley projeta seu romance 600 anos adiante do lançamento dos primeiros veículos motorizados da Ford ( 600 d.F.). A manipulação genética, nesse mundo avançado em tecnologia, permite editar seres humanos para suportar calor excessivo ou temperatura muito baixa, resistir à infinidade de doenças como o câncer, aumentar a memória e agir em tantos outros mistérios desvendados. Encurtando o futuro, já temos um pioneiro censurado pela comunidade científica internacional, o biólogo chinês He Jianhui, que deu uma fatiada num trecho do DNA , retirando o gene CCR5 das bebês gêmeas a fim de impedir o organismo das mesmas de ser vulnerável ao vírus da aids. 

Se por um lado terão resistência, por outro estarão muito suscetíveis à morte por uma simples gripe. Aventuras científicas que atuam no código genético são criminosas; quando se usa a frase "brincando de Deus" demonstra falta de respeito à vida. Como "furo de reportagem" em jornalismo, muitos cientistas afoitos buscam celebridade ao anunciarem pesquisas mal avaliadas com possível efeito nocivo no ser humano.  O homem natural usa a razão científica e tecnológica a fim de construir um utópico paraíso na terra de futuro incerto; Jesus Cristo, nascido Deus Homem, pela Graça dá ao que crê a salvação através da morte na cruz e em Apocalipse 21:4 um lar eterno no Céu onde enxugará dos seus olhos, com amor, toda lágrima de dor.

 Mauro Jordão é médico.