Participei da inauguração da mostra " Favela é Giro" no Castelo Zenker, em Ferraz de Vasconcelos, no dia 11 de março. O evento, apresenta um olhar artístico e autêntico sobre a vida nas favelas, reunindo obras de diversos artistas e coletivos que retratam a cultura e o cotidiano dessas comunidades através da fotografia, do audiovisual e da xilogravura, disponível ao público até o dia 10 de abril.
Para quem é meu leitor assíduo sobre o tema favela, deve saber que eu não gosto de romantizar a pobreza nesse espaço social, que a favela venceu, “blá, blá,blá” entre outros conceitos patéticos, mas dessa vez, eu senti orgulho de ver a representatividade de pessoas oriundas da favela, em um ambiente, que até então, não receberia a cultura da rua em sua estrutura.
Para muitos de nós, que não tivemos a oportunidade de apreciar a arte em um espaço eloquente, fino e chique – as vezes nos livros - que fomos ensinados e condicionados a entender algumas pinturas e nomes renomados, dificilmente imaginamos que aquilo que fazemos na vila e no bairro, também é um objeto de apreciação em um cenário de realeza, em uma estrutura de um museu, em um castelo. Isso é muito representativo!
A identidade da arte da rua, da periferia e favela, deve continuar expandindo para novos espaços e ambientes, para além de um compartilhamento de produções artísticas e do reconhecimento de sua cultura, obter, o que para mim é primordial, acesso a novos universos possíveis de atuação. A favela tem de sair da favela, encontrar novos nichos sociais e de mercado, viver e não sobreviver, ser próspero, crescer e fazer desenvolver...
Esse conceito é bem próximo de uma frase que eu gosto, do fundador e CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, que diz, em geral, que a pobreza da favela vire peça de museu! Já pensou que incrível?! Precisamos da educação e evolução financeira e social para o público de vulnerabilidade. Como diz uma música do Racionais MC´s: “Os nego quer algo mais que um barraco pra dormir”.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.