A falta de transparência das entidades sociais brasileiras ocupou o noticiário em janeiro. De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), 50% das entidades sociais que receberam recursos públicos via emendas parlamentares não demonstraram a clareza adequada no uso dessa verba.
Esse dado faz um alerta: mesmo desenvolvendo os melhores projetos sociais, se a entidade não presta contas de forma correta, sua reputação pode despencar. A falta de transparência reduz a confiança da sociedade e ofusca a contribuição de cada entidade contra as injustiças e desigualdades sociais do nosso país.
Por outro lado, ser transparente não pode ser visto como uma obrigação ou mera burocracia, mas sim uma ferramenta de fortalecimento da relação entre entidades, doadores e sociedade. Nesse sentido, o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), em vigor em todos os municípios desde 2017, funciona como um guia essencial para melhorar a gestão e a prestação de contas no terceiro setor.
O MROSC estabelece critérios para a aplicação dos recursos, prestação de contas e governança institucional. No entanto, sua efetividade depende tanto do compromisso das entidades em seguir boas práticas, quanto de incentivos dos financiadores e do poder público.
Na Soulcial, acreditamos que a transparência é um dos principais pilares para fortalecer o impacto social. Ela engaja apoiadores, facilita a recorrência e amplia a confiança, garantindo que cada real doado gere transformação real. A adoção de ferramentas digitais, relatórios acessíveis e um sistema de governança claro são passos essenciais para garantir credibilidade e sustentabilidade ao setor.
As entidades sociais têm um papel insubstituível na construção de um país mais justo. Mas, para que esse impacto seja possível, a transparência precisa ser a regra, e não a exceção. É hora de fortalecer as entidades e garantir que cada iniciativa se desenvolva com eficiência, credibilidade e confiança. É preciso levar o ESG (compromisso com o Meio Ambiente, o Social e a Governança) para dentro das entidades sociais.
*Juliana Bertin é cofundadora Soulcial, gerontóloga com mestrado em engenharia urbana pela UFSCar e multiplicadora do Sistema B. Está envolvida em diversos trabalhos sociais, como voluntária e idealizadora. Redes sociais: @somossoulcial @jubertin1