Estamos iniciando mais um ano e é inevitável criarmos expectativas sobre ele em diferentes aspectos, mas principalmente em relação ao comportamento da economia.

📲Siga nosso canal de notícias no Whatsapp e fique por dentro de tudo em tempo real!!

Antes de falarmos sobre as perspectivas para a economia em 2024, é importante lembrar o que os analistas previram no início do ano passado para a economia. Em janeiro, os analistas consultados pelo BC previam crescimento de 0,78% para 2023. No entanto, a economia brasileira trouxe surpresas positivas e acabamos o ano com uma alta em torno dos 3%. 

Com a inflação foi a mesma coisa. O primeiro boletim Focus do ano passado (relatório divulgado pelo BC com os números esperados por mais de 100 instituições financeiras do país) mostrava que os especialistas previam uma inflação fechada de 5,31%. Nesse aspecto também as previsões falharam muito. A inflação fechou com um índice de 4,62%, o menor nível anual desde 2020.

Também no caso do desemprego, o ano desmentiu as previsões que indicavam a elevação da taxa. Alguns falavam em índice superior aos 9%, mas o desemprego fechou abaixo dos 8%.

Mas esse resultado não é obra do acaso. Algumas medidas adotadas pelo atual governo tiveram impacto direto no comportamento da economia em 2023, e, muito provavelmente, continuarão produzir efeitos positivos na vida dos brasileiros. 

A inclusão de alguns benefícios ampliando o valor do bolsa família e a volta da política de aumento real para o salário mínimo são medidas que aumentaram a capacidade de consumo da população, e isso movimenta o mercado. Mais consumo demanda mais produção, mais produção mais emprego. É o chamado círculo virtuoso.

 Por outro lado, a volta de programas como Minha Casa, Minha Vida e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), contribuiu e vai continuar contribuindo para deslanchar a economia. 

Existe ainda um cenário promissor de reação dos investimentos e do setor industrial. A atuação por parte do BNDES, com elevada aprovação de financiamentos em infraestrutura e a trajetória de queda prevista para a taxa de juros Selic e na ponta do crédito, tornam o cenário para o crescimento dos investimentos mais favorável em 2024.

Aparentemente, a única coisa que pode alterar um pouco esse rumo é justamente o setor que tem contribuído bastante para o desempenho da economia, pois é aquele que mais infla os resultados da balança comercial, o agronegócio. Isso porque existe uma possibilidade de queda do valor adicionado da agropecuária, penalizada pela adversidade climática. 

A recuperação da imagem do Brasil no mundo, também é um ponto positivo, pois aumenta a possibilidade de investimentos externos. Creio que estamos no rumo certo.

 

Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br) é sociólogo e professor