O ministro Marco Aurélio Mello, certa vez ao chegar ao prédio do Supremo Tribunal Federal, preocupado com o cenário político nacional, assim se expressou: "São tempos estranhos, geradores de grande perplexidade". Há um saborzinho dentro de cada um de nós quando pensamos em desafiar uma autoridade, muito hilário era ver isto no personagem Carlitos em seu confronto direto com a polícia no tempo do cinema mudo com Charles Chaplin.
A cultura pós-moderna possui uma visão radical e distorcida de liberação de qualquer compromisso moral e religioso; pensando ser o indivíduo um produto do meio em que vive ele se torna vítima e não réu pelo seu mau comportamento, e não assume a culpa dos seus atos conflituosos. Caetano Veloso assim canta em sua canção Alegria, Alegria: Caminhando contra o vento/ Sem lenço e sem documento/ No sol de quase dezembro/ Eu vou...
Um rebelde se despedindo das amarras sufocantes das obrigações diárias e influenciando toda uma geração jovem do pós-guerra. A 5ª. característica do mundo pós-moderno: O Declínio da Autoridade: A Revolução Marxista não atingiu seu ideal de uma sociedade sem classes e igualitária, o Muro de Berlim foi testemunha do fracasso ideológico do comunismo. Em vez do confronto direto com as autoridades elas têm de ser subvertidas, incluindo textos, autores, tradições, metanarrativas, a Bíblia, Deus e todos os poderes do céu e da terra.
Toda autoridade deve ser denunciada, criticada, desconstruída e lançada de lado e desprezada como algo dispensável na sociedade. Segundo os pós-modernistas aquele que está no poder usa da autoridade para permanecer no cargo ou na função para satisfazer os seus próprios interesses, portanto, deve ser ridicularizada e caluniada a fim de desconstruir a sua autoridade opressiva. Até a autoridade de Deus é rejeitada como totalitária e autocrática. Dos púlpitos o povo do auditório deve ouvir apenas mensagens terapêuticas que excluem o pecado e exaltem a autoestima. Evangelho do homem para o homem.
Mauro Jordão é médico.