Os últimos três séculos podem, cada um, ser caracterizado por uma determinada tecnologia. O século XVIII foi a era dos grandes sistemas mecânicos acompanhado da Revolução Industrial. O século XIX foi a era da máquina a vapor. Já o século XX ficou conhecido como a era da informação. Tal característica fica ainda mais acentuada quando olhamos para suas últimas três décadas e observamos vários avanços tecnológicos em diversas áreas, particularmente na computação e telecomunicações, duas áreas que têm causado significativo impacto sobre o modo de vida das pessoas. Estamos expostos a uma intensa e diversa quantidade de informações todos os dias e a grande questão é: o que fazemos com elas? 

Ao mesmo tempo, a ignorância que acompanha a humanidade desde os seus primórdios parece cada vez mais viva. Como viver plenamente a era da informação sem a mínima capacidade de processar pelo menos parte desse turbilhão de informações. Estamos presenciando isso agora. Por mais que a verdade esteja sendo desnudada, e mostra que além do pó, armas, obras de arte e joias também foram contrabandeadas em aviões presidenciais, existe uma turba empenhada a defender o mascate meliante. Alguns pela ignorância, mas muitos pelo mau-caratismo. É simples assim. Esses não podem ser desculpados por todo mal que causaram nesses últimos anos. Não podemos tolerar atitudes fascistas. 

O fascismo é um câncer social de extrema gravidade. Não entendam ignorância como sinônimo de escolaridade. Até porque a maior de todas as ignorâncias é não admiti-la. Rui Barbosa, um de nossos maiores intelectuais, disse: “A chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta; e somente esta: a Ignorância! Ela é a mãe da servilidade e da miséria”. O filósofo Sêneca é mais provocador: “Dar conselhos a um homem culto é supérfluo; aconselhar um ignorante é inútil.” Já Sócrates afirmou: “O tolo, quando erra, queixa-se dos outros; o sábio queixa-se de si mesmo.” Mais contundente ainda foi Luther King: “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância.” 

Nesse mundo de comunicação instantânea com as redes sociais assumindo um espaço cada vez maior em nossas vidas, as consequências da ignorância são inestimáveis. As pessoas compartilham freneticamente aquilo que visualizam sem o menor cuidado. Mentiras e informações distorcidas, veiculadas por sites e páginas patrocinadas são tomadas como critério de verdade. Como sentenciou Luther King, a ignorância é mesmo perigosa.      

Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br) é sociólogo e professor