Há uma frase que diz: "Nem todo psicopata é pedófilo, mas todo pedófilo é perverso". Ele age nas entranhas e escondido. Não abusa de uma criança em praça pública, por exemplo. Tudo é calculado, planejado de forma fria e manipuladora, para não ser pego! As vítimas, geralmente, são pessoas de afeto, próximas e familiares, como crianças e adolescentes, com quem têm relação de confiança.
Recentemente, a Justiça condenou um homem a 40 anos de prisão pelo abuso sexual de sua filha e de duas netas, em Suzano-SP. Segundo denúncia do Ministério Público (MP), a rotina de abusos das netas se deu de 2012 a 2021. Foram 1.989 abusos, conforme a Imprensa.
É triste e de causar indignação histórias assim chegarem tão perto de nossas casas. Porém, é importante sabermos identificar o que acontece o quanto antes, para que traumas sejam evitados; para que não haja mais vítimas.
O primeiro sinal é uma possível mudança no comportamento da criança, com alterações bruscas de humor, presença de agressividade, de tristeza e de medo e rejeição a uma pessoa específica - o possível abusador.
Em adolescentes, alguns sinais são o ato de se cortar, tentativas de suicídio, distúrbios alimentares, transtorno de ansiedade, insônia (ou muita sonolência), episódios de revolta, tendência ao isolamento, além de queda no rendimento escolar.
As vítimas sempre avisam que estão sofrendo abuso. Contudo, na maioria das vezes, não de maneira verbal, pois, via de regra, são alvo, por parte dos abusadores, de ameaças de violência física e chantagens. Eles, inclusive, agem para convencê-las de que estão erradas, que foi só uma "brincadeira".
É preciso explicar para a criança que nenhum adulto deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas da sua confiança, como a mãe ou o pai. Geralmente, por se sentir culpada ou envergonhada, a criança não fala o que aconteceu, ou está em estado de constante sofrimento. Mas, há momentos que ela tenta contar e não é ouvida. Por isso, é fundamental sempre confiar na palavra dela e identificar se há algo errado.
Vale ressaltar a extrema necessidade de tratamento psicológico às vítimas de pedofilia e a importância de campanhas de informação para o combate deste crime, uma verdadeira aberração, bem como a punição severa da lei aos pedófilos.
Dra. Luciana Inocêncio (luciana.inocencio@yahoo.com.br) é psicóloga e psicanalista; especialista em Transtornos Graves das Psicoses; em Psicologia Hospitalar e em Especialidades Médicas; e em Psicologia Clínica e em Teoria Psicanalítica.