A audiência para discussão, entre outras coisas, do pedágio nas rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga foi uma verdadeira prova de resistência para quem acompanhou o debate presencialmente e até online. Foram mais de 6 horas de discussões e a sensação de que todo o esforço e energia depositados ali podem ser em vão.

Na apresentação feita pela Artesp, o projeto de concessão do Lote Rodovias do Litoral parece lindo e promissor. Estradas duplicadas, novos acessos, passarelas e outros benefícios que podem sim melhorar, e muito, a mobilidade e a segurança nas estradas fazem parte da proposta, assim como contrapartidas irrisórias para Mogi e Arujá, que receberão, juntas, três pontos de cobrança. 

O prefeito de Mogi, Caio Cunha (Podemos), classificou a audiência como um mero rito, ou seja, parte de um protocolo a ser seguido. O prefeito de Itaquá, Eduardo Boigues (PP), por sua vez, destacou ser nítido que o edital já está pronto para início do leilão. Dessa forma, pouco importaria a discussão de tantas horas.

Vale lembrar que os governos tucanos anteriores entenderam a importância do Alto Tietê e respeitaram a força política e econômica regional, ao contrário da gestão atual, que parece não estar dando a devida atenção para a região. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que durante a campanha esteve em Mogi e garantiu que a cidade não teria pedágio, não precisou nem de seis 6 meses para mudar de ideia e não cumprir com sua palavra.

Pela postura adotada pelo governo estadual, a cobrança nas rodovias é assunto vencido, mas será preciso muito mais do que foi apresentado ontem para que a região aceite essa situação. Da forma como está, Mogi pagará a conta das melhorias que beneficiarão muito outras cidades. 

Quase 30% da arrecadação do pedágio se dará nas praças da região, sendo 17% somente em Mogi, e a contrapartida por isso não chega a 1% de investimento. A conta não fecha e não é justa. Diante do que foi presenciado ontem na audiência, a mobilização regional precisa ser fortalecida e de forma rápida para que o prejuízo, ainda que inevitável ao que tudo indica, seja menor para o Alto Tietê.