No dia 15 de novembro, em Nova York, essa foi a frase do Ministro Barroso do STF ao ser interpelado por um homem na rua enquanto se dirigia a um evento. Os ministros do STF têm sido perseguidos e hostilizados por brasileiros em Nova York em razão do resultado do pleito brasileiro de 31 de outubro. O desabafo do ministro ocorreu nesse contexto, uma abordagem feita na rua com o celular em punho para viralizar nas redes, objetivo plenamente alcançado, talvez não da forma desejada.

As investigações pelos órgãos de segurança revelam que os protestos são organizados e financiados por empresários contrários ao resultado das eleições, ou seja, não há espontaneidade popular. Os ataques são orquestrados e financiados por quem tem, teve ou terá seus interesses afetados pelos resultados das urnas. O problema não é o protesto, mas o ataque ao resultado das urnas, o que constitui um ataque ao regime democrático brasileiro, à Justiça Eleitoral e às instituições e seus membros. Decisões judiciais devem ser respeitadas e cumpridas. A irresignação contra elas não se dá nas ruas, mas nos próprios tribunais.

Não dá pra resolver no grito, na pancada, no protesto que impeça o direito de ir e vir, isso não é democracia, é barbárie que precisa ser reprimida. A fala do ministro é a fala de um cidadão comum em Nova York que é perseguido na rua e importunado por estranhos. A resposta, um desabafo, virou "meme", basta uma rápida busca no Google. Quinze dias depois das eleições, muitos ainda continuam contestando seu resultado, mas apenas para presidente.

Ninguém contesta a eleição da bancada e dos governadores de direita, está tudo certo, menos a eleição para presidente. Continuam acampados em frente a unidades militares, pedindo intervenção federal e o não reconhecimento do resultado das urnas. Na democracia, quando se perde uma eleição, se faz oposição e só. É tempo de seguir em frente, e como já diziam na eleição de 2018, ninguém pode desejar o mal ao piloto quando se está no mesmo avião.

Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado.