De todas as dores que podem surgir da partida de um ente querido, talvez não haja algo mais devastador que a partida de uma pessoa que estava em um momento de lazer, de entretenimento. E, para entender o levantamento do Corpo de Bombeiros sobre o número de afogamentos, precisamos entender a origem e destino destes dados, entre o lazer e o risco de vida.
A queda no número de ocorrências de afogamentos na região desde 2018, indubitavelmente, é a somatória de diversos fatores - da variação de temperaturas à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que limitou a circulação de pessoas, além da maior conscientização sobre as áreas de risco existentes na região.
A queda no número de mortes e de ocorrências de afogamento, no entanto, não pode ser percebida como um fenômeno em si mesmo, mas como uma oportunidade para se promover a análise das ofertas de lazer para a comunidade, principalmente nas regiões mais afastadas e vulneráveis de nossas cidades.
O calor aflige a todos, mas a experiência de se refrescar em uma piscina, ou à sombra perto de um curso d'água pode variar. Os investimentos em infraestrutura, no monitoramento de áreas de risco pode e deve ser mantido pelos gestores públicos, como parte de sua obrigação constitucional de promover melhores condições para a comunidade que os elegeu.
Mas investir em opções de lazer seguras para além do binômio "academias ao ar livre - praças públicas a céu aberto" deve ser explorado com atenção e afinco. Desta maneira, se comprova a teoria da conexão entre todos os aspectos de um governo, e como os vários pontos de uma gestão, assim como uma teia, se conectam e se ligam, abraçando os diversos pontos do nosso cotidiano.
A fiscalização e a educação sobre os riscos de áreas como lagos, represas e pontos como a Lagoa Azul em Suzano pode e deve continuar, para que vidas continuem a salvo. Mas entender que a ida a estes locais em busca de lazer é, para muitas pessoas, a única chance de momentos de descontração, é abordar a médio e longo prazo uma demanda há muito tempo necessária.
