O início da imunização contra a Covid-19 só saiu do papel porque o governo do Estado e o Instituto Butantan aceitaram, há mais de seis meses, o desafio de desenvolver uma vacina que pudesse proteger não apenas a população de São Paulo, mas, sim, a de todo o País.
É preciso deixar claro que, não fosse a atuação decisiva e firme do governador em defesa do Butantan e da parceria com a biofarmacêutica Sinovac Life Science, o Brasil teria, hoje, apenas um lote de 2 milhões de doses que a Fiocruz obteve por meio da parceria com a Universidade de Oxford.
Graças à iniciativa encampada por João Doria, o Butantan já disponibilizou 10,1 milhões de doses que, tardiamente, o presidente Jair Bolsonaro decidiu incluir no Plano Nacional de Imunizações (PNI). Em setembro, a meta do governo do Estado de São Paulo e do próprio Butantan era, sim, mais ambiciosa. Era possível terminarmos o ano de 2020 com um estoque de 46 milhões de doses do prontas para uso.
Mas, por incúria, inépcia e motivado por um surto disparatado de inveja, Jair Bolsonaro privou a população do Brasil deste imenso benefício. Em 20 de outubro, o Ministério da Saúde anunciou a aquisição de todo o lote previsto pelo Butantan. Um dia depois, o presidente da República, de forma inexplicável, desautorizou a pasta e ordenou a revogação do acordo.
Quando percebeu que a opção única pela vacina da Fiocruz poderia atrasar a imunização no Brasil até março, Bolsonaro finalmente capitulou. Autorizou o Ministério da Saúde a comprar 46 milhões de doses da vacina do Butantan, com entrega escalonada entre janeiro e abril, e possibilidade de mais 54 milhões até o final do ano.
São Paulo vai cumprir o acordado com o Ministério da Saúde e disponibilizar 46 milhões de doses até abril. E se puder acelerar este processo, obviamente irá fazê-lo. São Paulo pode e vai ajudar o Brasil a proteger dezenas de milhões de vidas com a vacina do Butantan. Mais importante que isso é saber que vidas se salvam, não se politizam.