Meu filho passou por aquela internação traumática no hospital. Eu também. Embora não tenha sido a última vez que estivemos lá, senti vontade de declarar vitória. Nós sobrevivemos. Minha fé estava intacta - até fortalecida. Uma descoberta da última década da minha vida foi que os grandes testes nem sempre são o que achamos que são. De alguma forma, passamos por essas grandes provas assustadoras. Muitas vezes, são os pequenos desafios que seguem os grandes que ameaçam nos desvendar.
Alguns anos depois daquela sinistra estada no hospital, quando eu deveria estar feliz com o progresso do meu filho e como as coisas estavam indo bem, encontrei-me dizendo a Deus: "Eu não posso mais viver assim. Não posso fazer as coisas que tenho que fazer todos os dias dormindo tão pouco a cada noite".
Nosso filho interrompeu o sono por causa de problemas neurológicos. Ele tem melhorado em suas convulsões, mas, em geral, os cinco anos de sua vida têm sido desafiadores na questão do sono. Essa pequena provação estava ameaçando me fazer regredir.
Eu tinha a ideia de que, para discipular meus filhos, precisava ser coerente e menos afoita. Tinha a ideia de que, para que Deus me usasse para guiá-los a Ele, precisava me desfazer desse puro estado de limite da minha paciência. Estava tudo bem em ser trazida para baixo, mas quão baixo eu tinha que chegar? Por que Deus me negaria essa humildade? Eu queria confiar nele com meus olhos fechados.
Mas Deus não me deixou direcionar meu coração para necessidades menores. Nós temos necessidades maiores do que o sono, a nossa saúde ou a saúde dos nossos filhos. Temos necessidades maiores do que um cônjuge ou o alívio da dor crônica. Temos necessidades maiores do que a coerência, o emprego, a carreira ou a casa. Temos necessidades maiores do que servir a Deus como esperávamos.
O que eu precisava era ler mais de perto Filipenses 4, a fim de descobrir que Paulo tinha avançado, mesmo sem suas necessidades básicas satisfeitas: "Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez"(Filipenses 4:12).
As ideias de Deus sobre nossa prosperidade são diferentes das nossas. Pensamos que prosperar significa oito horas de silêncio, um bom trabalho, estar rodeado de pessoas que nos tratam com respeito, tendo oportunidade de sucesso, bons cuidados médicos, casamento amoroso e crianças felizes. Essas são coisas boas, mas não são o que Deus está mais preocupado em nos dar para nossa prosperidade.
Na economia de Deus, prosperamos quando nossa necessidade por Ele é encontrada nele. Não há nenhuma circunstância que Deus não esteja usando para nos tornar carvalhos de justiça. A promessa é verdadeira: Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de nossas necessidades (Filipenses 4:19).
Elisabeth Elliot estava certa: "Deus prometeu suprir todas as nossas necessidades. O que não temos agora, não precisamos agora". E o que precisamos agora, temos agora: a mão soberana e amorosa do Pai trabalhando todas as coisas para o nosso bem (Romanos 8.28); Cristo como nosso advogado, Salvador e justiça (1 João 2:1; Filipenses 3.20; 1Coríntios 1:30); e a intercessão, ajuda e consolo do Espírito Santo (Romanos 8:26-27).
Então, no final de nossas vidas, poderemos dizer: "Eu nunca senti necessidade de nada. Nunca tive um 'não' do meu Pai que não fosse um 'sim' para coisas melhores e mais profundas".
*Original: Deus sabe o que você não tem. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Paulo Reiss Junior. Revisão: Filipe Castelo Branco.