É difícil de entender como um Estado da grandeza de São Paulo possa sofrer com a falta de vagas em creches e déficit no número de unidades construídas. E a capital, a mais rica do País, por sinal, não fica atrás. É a que amarga a maior fila de espera.
Alguns educadores defendem que não é possível assegurar uma boa educação sem que o aluno passe por uma creche, já que as crianças que têm essa vivência se tornam autônomas mais rapidamente, são mais sociáveis e desenvolvem o aprendizado com uma velocidade maior. Por outro lado, as crianças que não frequentaram têm dificuldade para se adaptar ao ambiente escolar e são mais lentas no aprendizado. Por isso, as creches precisam ser encaradas com a mesma importância do que o ensino fundamental, por exemplo. E a falta dessas unidades produz o desemprego, já que, neste caso, geralmente, a mãe é obrigada a abrir mão de trabalhar para cuidar dos filhos.
A educação infantil também tem o importante papel de transferir um salário indireto para as famílias. Estima-se que uma criança matriculada receba, por meio dos cuidados e trabalhos educativos, alimentação, entre outros, cerca de R$ 500. Além disso, permite que os pais possam trabalhar, colocar mais renda em casa, e com a tranquilidade de saber que enquanto isso seus filhos estão em uma instituição de ensino, o que é mais adequado para a criança do que deixá-la com parentes ou vizinhos.
Mesmo com todos esses agravantes, é comum crianças entre zero e cinco anos estarem na fila de espera por uma vaga. Investe-se muito mais no sistema viário da capital paulista, por exemplo, do que em educação infantil. E o que é mais importante para o futuro da nossa sociedade: um trânsito menos congestionado, com mais acessos, ou oferecer educação de qualidade desde a infância?
Por causa disso tudo, vale destacar o sistema informatizado implementado pela Prefeitura de Mogi das Cruzes, que reduziu em 31% a espera por vagas em creches desde dezembro. Esse sistema serve para fazer um gerenciamento estratégico em tempo real sobre a oferta e a procura. Assim, ao surgir uma nova vaga na rede, os pais das crianças em espera são avisados da disponibilidade. O sistema consegue também identificar uma procura por unidades acima do normal em um determinado bairro, acelerando o planejamento para a construção mais urgente de uma nova unidade no local.
Talvez solucionar este tipo de problema seja um diferencial para o futuro do País. Como todos sabem, a educação vem de berço.