Festas e férias de verão. Aproveitar as comemorações natalinas, o fim de um ano e o começo do outro para impor medidas polêmicas não é novidade. Todas as esferas de governo usam e abusam dessa prática.
Brasília foi tomada por uma movimentação frenética, produzindo os habituais absurdos e muitos outros. Alguns, inéditos, como a aprovação pelo Senado do orçamento de 2016 com a previsão de R$ 10,3 bilhões oriundos da CPMF, um imposto que não existe e de aceitação improvável no mesmo Parlamento.
No mesmo dia Dilma assinou a medida provisória 703, que altera a Lei Anticorrupção, afrouxando regras para permitir que pessoas jurídicas colaborativas fiquem livres de punição.
Não parou por aí. No dia 30, Dilma quitou os R$ 74,2 bilhões das pedaladas que ela inicialmente negava, depois dizia que era prática comum a todos os presidentes e por fim, que fizera para garantir os programas sociais de seu governo.
No dia seguinte, Dilma sancionou, com 55 vetos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Alguns deles, como o que mexe com emendas individuais dos parlamentares, devem botar fogo na frágil base da presidente.
O país ainda comemorava a chegada do novo ano, quando Dilma majorou os impostos das chamadas bebidas quentes - vinho, uísque e cachaça. Para muitos, em especial os produtores vinícolas do Sul, o anúncio, feito no dia 1º, é ressaca duradoura.
Enquanto ela responde por impostos embutidos, difíceis de serem decupados para o simples mortal, aos governadores e prefeitos cabem os aumentos diretos que impactam o bolso do cidadão. Energia, IPTU, transporte público. Osso duro de roer, especialmente em ano eleitoral.
O ano de 2016 será duro. Não pelo que se fez às pressas no fim de dezembro, mas pelo que não tem sido feito há alguns anos.
Não pela crença popular de azar nos anos bissextos, mas por irresponsabilidade acumulada. Não há patuá ou talismã que dê jeito. Para salvá-lo, Dilma deveria saber que o país precisa muito mais do que o olho grego pendurado na sua pulseira.