"O tempo é o senhor da razão".
No tempo em que Fernando Collor de Mello começava a perder a penugem de "caçador de marajás" e o País ia percebendo o que escondia atrás daquela máscara de gladiador olímpico, ele saía a correr aos domingos dando entrevistas coletivas imaginárias através dos dizeres estampados em suas camisetas.
A frase acima era uma espécie de recado aos que o atacavam e pediam o seu impeachment. Algo assim como "vocês vão ver como eu estava certo". Uma forma de atrair alguma simpatia dos poucos remanescentes que ainda acreditavam no homem e na lenda que ele criou sobre si mesmo.
Definitivamente, ele não era o homem que matou o facínora; aproximava-se mais do vulto do próprio facínora. Com a imagem destruída desde que as peripécias de sua criminosa parceria com Paulo César Farias foram desvendadas por seu irmão Pedro, numa entrevista à revista Veja, ele se tornou um morto vivo esperando apenas o momento de ser despejado do Palácio do Planalto.
Parecia que, em 1989, o Brasil se separava irremediavelmente em dois blocos: Collor e suas fantasias e todos aqueles que, sedentos de ética, encheram as ruas pedindo seu impeachment.
Os caras pintadas, fortemente estimulados pelo PT e liderados por Lindberg Farias, que mais tarde seria eleito senador, invadiram a rua em busca de "ética na política". Collor foi posto para fora, os "éticos" chegaram ao poder, e depois deu-se tudo aquilo que as pessoas estão cansadas de saber.
Collor foi absolvido pelo STF, que não encontrou nenhum dos crimes pelos quais foi afastado do poder, foi eleito senador por Alagoas, a garagem da Casa da Dinda encheu-se de Lamborghinis, Porsches e Ferraris, e agora ele é um protagonista de primeira linha da Operação Lava Jato.
O procurador geral da República, Rodrigo Janot, disse que Lula deu a Collor "ascendência" na BR Distribuidora, Cerveró diz que Dilma entregou ao "caçador de marajás" várias diretorias da empresa, e os caminhos do Bem e do Mal cruzaram-se na porta do cofre saqueado da maior empresa estatal brasileira. O tempo é ou não é o senhor da razão?