Recessão de 3,6%, inflação de dois dígitos, bicando os 11%, mais de 9 milhões sem emprego. Desastres naturais, outros nem tanto. Saúde em pandarecos, Educação ao Deus dará. Corrupção, bandalheira, escândalos em série. Caos na política, incompetência, desgoverno. O ano de 2015 começou torto e terminará ainda mais torto.
Tudo que os brasileiros ouviram durante a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff assegurava a bonança. A economia ia crescer, o emprego se multiplicaria, a inflação seria controlada, a miséria extirpada de vez. O País seria a Pátria Educadora, o atendimento à saúde chegaria aos patamares da excelência, com médicos para todos - ainda que importados de Cuba - e ambulatórios de especialidades.
Nada parecido com os milhares de crianças condenadas a um cérebro diminuto porque suas mães foram picadas por um mosquito que há muito deveria ter sido exterminado. Nada perto da falta de ataduras e antibióticos. Das cenas pré-natalinas de grávidas encolhidas no chão de um hospital da cidade maravilhosa, a mesma que gasta milhões para fazer bonito para estrangeiros nos jogos olímpicos do ano que vem.
Além das ações do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça na caça aos corruptos, o ano se salvou pelas ruas. Os não à Dilma e à roubalheira, vestidos de verde-amarelo e empunhando bandeiras do Brasil, tomaram as ruas por cinco vezes no ano, em uma delas, com mais de dois milhões de pessoas. Os pró-governo, com seus jalecos e bandeiras vermelhas da CUT - primeiro tímidos e agora com mais vigor -, também cobriram o asfalto. E os dois lados prometem voltar.
Para a paúra de muitos, a Lava-Jato, que condenou mais de 30, recuperando alguns dos milhões roubados da Petrobras para financiar o PT e aliados e encher bolsos dos amigos, deverá continuar importunando os poderosos.
Para a maioria dos brasileiros, esse é o maior alento. Ao governo Dilma, as esperanças são outras: aprovar a nova CPMF e livrar-se do impeachment. Contando com muita sorte e fé imensa, talvez dê para apostar em 2017.