Nenhum dos países que hoje despontam como de primeiro mundo deixaram de cuidar da educação das suas populações. Educação de alto nível, diga-se de passagem. Nesse quesito, o Brasil ainda está longe, muito longe de atingir os níveis ideais.
Além dos analfabetos, que iremos discorrer neste texto, temos ainda aqueles chamados de analfabetos funcionais. Não se trata de pessoas que nunca foram à escola. Elas sabem ler, escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos, mas não conseguem compreender a palavra escrita. Mas este assunto abordaremos em outro dia. Hoje o tema é analfabetismo puro.
De acordo com levantamento divulgado pela Unesco, o Brasil possui a oitava maior população de adultos analfabetos. São cerca de 14 milhões de pessoas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), com dados coletados em 2012, mostra que a taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais teve alta entre 2011 e 2012, passando de 8,6% para 8,7%.
E o peso do nosso analfabetismo salta aos olhos também na comparação com os nossos vizinhos. Dos 36 milhões de adultos analfabetos na América Latina, 38,5% são brasileiros. São cerca de 14 milhões de pessoas num país que abriga 34,2% da população latino-americana. O dado levantado entre 2005 e 2011 consta do relatório Educação Para Todos, divulgado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Publicado anualmente, o relatório sintetiza indicadores da educação em mais de 160 países, observando seis metas estabelecidas em 2000, no Fórum Mundial de Educação, em Dacar.
Há, é claro, diferenças entre as nações. No quesito combate ao analfabetismo, Finlândia, Estados Unidos e França já atingiram o objetivo, mas ainda caminham para garantir que 95% das crianças estejam no ensino fundamental em 2015. Já o Brasil figura no grupo que "caminha lentamente", segundo a própria Unesco, para reverter a situação dos adultos analfabetos, com chances de atingir 80% da meta no prazo.
Para especialistas, uma das principais explicações para a contradição entre o avanço na economia nacional e o baixo nível do ensino brasileiro está na dificuldade de direcionar recursos e bons professores para as regiões mais necessitadas, como os Estados das regiões Norte e Nordeste. Isso se nota pelo grande número de adultos analfabetos, que se acumulam em grande parte na zona rural e nas favelas.