A alienação de grande parte da população brasileira, que parece se preocupar mais com as personagens de novela, o churrasco do fim de semana, o passeio à praia ou o com seu time de futebol, transforma o País num marasmo imenso e bastante perigoso. Se aceita de tudo, com a maior naturalidade, como se vivêssemos realmente na melhor nação do mundo.
Um exemplo disso é a alta do dólar, que na terça-feira e ontem ultrapassou os R$ 4 pela primeira vez. Para muita gente, mas muita gente mesmo, isso é problema para quem tem dinheiro, para quem vai viajar ou aos que adquirem produtos importados.
Aí é que está o engano - e que torna o brasileiro esse alienado que coloca toda a sociedade em risco. A alta do dólar mexe com a vida de todos - principalmente com os mais pobres e desaba como uma bomba sobre a classe média, faixa da população que é atacada violentamente pelo governo federal. Isso, aliado a tanto dinheiro dos nossos impostos, desviado para a vala da corrupção e assalto aos cofres públicos, resulta apenas em uma coisa: o País está mais pobre - o povo brasileiro está mais pobre.
Sobre a alta do dólar, de forma direta ou indireta, muitos produtos e serviços vão ser afetados e terão seus preços aumentados. O assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Vitor França, mostra que, embora o valor da moeda americana tenha impacto mais visível nos pacotes de viagens internacionais, produtos eletrônicos (celular, televisores, aparelhos de som, etc) e nos importados - bacalhau, azeite, vinhos, por exemplo - vai impactar também no preço do pãozinho de cada dia e de todos os derivados do trigo, pois metade desse grão que consumismo aqui é importada e, dessa forma, comprada pela cotação do dólar.
E a lista dos produtos que vão sofrer aumento ainda passa pelas carnes (que já estão com os preços nas alturas), pois vai ficar mais atrativo ao produtor exportar do que vender no mercado interno. Devem subir também os artigos de higiene e beleza, como desodorantes e cremes, cuja matéria-prima é importada.
Como se vê, a alta do dólar é um problema que afeta a todos. Quem sabe se os problemas da realidade brasileira, um dia, tenham mais espaço na prioridade das pessoas do que tanta coisa supérflua. Tomara!