Mogi das Cruzes recebeu mais uma corrida de rua organizada pela FlexPé. A prova contou com mais de 1.800 pessoas que fizeram as inscrições e tomaram as ruas da cidade. Mas, infelizmente, uma atitude errada e corriqueira fez com que a organização tivesse que se desdobrar para garantir a qualidade do evento. Como de costume, vários "pipocas" apareceram, ou seja, pessoas que querem participar e receber os benefícios dos inscritos, porém, sem pagar a inscrição.
Desta vez, vários deles foram flagrados com número de identificação falso no peito, o que atrapalhou o evento. E para mostrar a falta de respeito, sem qualquer pudor, o grupo de espertalhões incluiu no acessório um desenho de um balde de pipoca. Como quem diz: "Sou mais esperto que você". Este é apenas um pequeno símbolo cultural que mostra que, quem nasce no Brasil, parece ser obrigado a carregar o famoso "jeitinho brasileiro" por onde for.
É claro que, em qualquer lugar do mundo, existem espertalhões, mas no nosso País isso faz parte da cultura. No Brasil, as "atitudes malandras" são desculpadas. Afinal, o que é usar um número falso no peito, como é o caso da corrida, se temos que engolir atos muitos piores dos nossos governantes. O Poder Público tem a função de educar. E é por essas e outras que o brasileiro fica espantado quando descobre que em países europeus, por exemplo, não há frentista em postos de gasolina. É o próprio contribuinte que enche o tanque e faz o pagamento.
Outro exemplo: Existem países em que o cidadão, também de forma autônoma, paga o ticket do metrô ou trem, sem a cobrança de ninguém. Em países, como a Hungria, há bicicletários espalhados pelas cidades para o uso comunitário, sem a necessidade de cadeados. E por aí vai.
Como será que funcionaria tudo isso no Brasil, com o nosso "jeitinho"? Não funcionaria. E a culpa é do povo? Absolutamente, não. A culpa é de quem cuida, ou melhor, de quem deveria cuidar e dar exemplo à população. Mas, ao contrário disso, o governo e representantes do Legislativo é quem mais se utilizam do "jeitinho", como as "pedaladas" fiscais que teriam sido feitas para atingir as metas de superávit, ou ainda, na manobra para a aprovação da redução da maioridade penal. Sempre há alguém querendo levar vantagem em cima do cidadão. Infelizmente, não nos passaram o aprendizado "um por todos e todos por um". Muitos de nós ainda preferem construir seus caminhos, acreditando que é "cada um por si e Deus por todos".