Depois das contundentes declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra a presidente Dilma Rousseff e o PT, o PSDB agora está sendo pressionado pelos demais partidos de oposição a assumir a bandeira do impeachment para evitar que a presidente Dilma Rousseff recupere terreno no Congresso Nacional. Na segunda-feira passada, FHC utilizou uma rede social para dizer que a "renúncia" de Dilma seria um "gesto de grandeza" da presidente. A mensagem foi interpretada pela oposição como um aceno do PSDB à pauta das ruas, o "fora Dilma", e a busca por um discurso unificado.
Em conversas reservadas, parlamentares do PPS, DEM e Solidariedade tentam convencer os tucanos de que é um erro esperar os julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre processos que podem levar à cassação da presidente. A ação no TSE pede a impugnação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político, econômico e fraude na campanha do PT do ano passado, o que, segundo os tucanos, tornaria "ilegítima" a eleição de Dilma. Já o TCU avalia se atrasos nas transferências do Tesouro Nacional a bancos públicos para pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal.
"Não podemos ficar reféns dos julgamentos do TCU e TSE. A situação política hoje é muito mais grave do que as pedaladas fiscais", afirma o deputado Arthur Maia (BA), líder do Solidariedade na Câmara. Em uma reunião na liderança do PSDB na Câmara, os líderes da oposição cobraram que o partido embarque na tese do impedimento.
Um dos deputados presentes diz que o excesso de cautela dos tucanos é um "desserviço" ao movimento pela saída de Dilma. Para acalmar os ânimos, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, marcou uma reunião com o jurista Miguel Reale Júnior para terça-feira. (A.E.)