Uma característica infeliz do trem lotado são os cheirinhos que aparecem de vez em quando. Já houve até pedidos para que as companhias fizessem uma campanha do tipo: "Tomar banho é bom. Passar desodorante também!", mas, infelizmente, como seria um tanto ofensivo, não rolou. O que nos cabe é torcer para não nos esbarrarmos com esses fedozinhos logo cedo ou naqueles dias mais quentes.
Uma pessoa, que obviamente não identificarei, me contou que passou um sufoco danado numa volta pelo Expresso Leste. Passou o dia todo sofrendo com seu intestino inconstante. Acreditava que o almoço não havia lhe caído bem e durante o expediente suava frio com o rebuliço dentro de sua barriga.
Seus amigos comentavam baixinho que suas idas ao banheiro já estavam longas demais, mas o que fazer numa hora dessa? Saiu em seu horário habitual, por volta das 17h30, na região da Avenida Paulista, e dirigiu-se ao Metrô. Naquele dia, ouviu que a linha que pegaria estava com velocidade reduzida. Até então, a barriguinha estava calminha, mas o estresse de saber que enfrentaria um trem lotado acordou a coitadinha.
Depois de sete trens, conseguiu embarcar e assim que entrou ela deu aquela roncadinha básica que todos nós sabemos que é um anúncio do caos fétido. Começou a rezar baixinho, torcendo para que nada de grave acontecesse e depois de meia-hora chegou na estação da Luz.
Acreditava que conseguiria enfrentar o curral lotado e ir direto para a plataforma da CPTM, pois andando as coisas se ajeitariam e assentariam dentro de si. Ledo engano. Novamente, embarcou e na prensa que a barriga ficou, ela magoou e começou a gritar dentro dele. No desespero, pensou que se desse uma tossidinha e soltasse um pouquinho junto o "ar", resolveria a questão. Só que foi seu maior erro. Assim que fez isso, acabou com sua dignidade no meio de um trem lotado.
E ficou registrada a maior melecada nessa linha que se tem notícia. Depois disso, nunca mais andou de trem.