O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ironizou o baixo índice de popularidade da presidente Dilma Rousseff, aferido por pesquisa CNT/MDA divulgada ontem. O levantamento indica que apenas 7,7% dos entrevistados avaliam positivamente o governo petista. "Não queremos ficar sócios de 7%", disse Cunha no início desta noite. Ele disse ainda que o governo "está chegando no cheque especial".
Cunha fez a declaração ao comentar seu empenho em levar o PMDB para a oposição. "Nunca disse que quero levar todo o partido. Disse que vou pregar, a minha militância vai pregar, para que a gente deixe a base. Até porque não queremos ficar sócios de 7%", afirmou o presidente da Câmara.
O peemedebista concedeu mais uma entrevista ontem ao voltar à Câmara, após audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Cunha se recusou a comentar o teor da conversa com o ministro. Disse que seu advogado, Antônio Fernando, comentaria o encontro.
Ao falar do resultado da pesquisa divulgada ontem de manhã, Cunha contou que o ambiente é "muito ruim" e que o governo está chegando no "cheque especial". "Acho a pesquisa muito ruim, uma queda mais acentuada, uma deterioração do ambiente econômico que, consequentemente, está levando à deterioração da popularidade. Está muito ruim o ambiente. Daqui a pouco está chegando no cheque especial", afirmou.
O levantamento CNT/MDA, divulgado nesta terça-feira, mostra que a avaliação negativa do governo Dilma chegou a 70,9%, ante 64,8% na pesquisa anterior. O governo da petista é avaliado positivamente por 7,7% dos entrevistados, ante 10,8% do último levantamento.
Crise
Quanto à possibilidade de o governo anunciar uma nova meta fiscal, Cunha defendeu que o Palácio do Planalto "mostre uma saída na política econômica". "O presidente Renan (Calheiros, presidente do Senado), que no fim de semana fez um pronunciamento, alertou para um ponto extremamente importante. Ele fez uma simbologia do cachorro mordendo o rabo. Às vezes você tem medidas duras de ajuste fiscal, que acabam tendo a implicação da própria redução da receita, o que, consequentemente, implica em você ter que fazer mais medidas", afirmou.
"É preciso ter cautela, porque a atividade econômica está sendo bastante reduzida. Consequentemente, vai se agravar a arrecadação tributária, o que vai demandar mais medidas. O governo tem que mostrar uma saída na política econômica, que possa mostrar quando vai retomar um viés de crescimento de recuperação da atividade econômica".