Os desafios enfrentados pela população idosa em Mogi das Cruzes devem nortear as discussões da 6ª Conferência Municipal da Pessoa Idosa, que acontece nesta quinta-feira (29), no Cemforpe, no bairro Mogilar. Promovido pelo Conselho Municipal do Idoso (CMI), com apoio da Secretaria Municipal da Longevidade, o encontro tem como objetivo formular propostas e apontar caminhos para garantir dignidade e qualidade de vida às pessoas com mais de 60 anos, que hoje representam cerca de 15% da população da cidade. 

Entre os temas abordados, a vice-presidente do conselho, Juraci Almeida, aponta a redução de vagas em instituições de longa permanência e a necessidade de ampliação do Pró-Hiper. Ela ressalta que a importância da conferência está em “oferecer um espaço para a pessoa idosa falar daquilo que ela entende que é importante e que ainda não existe como políticas públicas para o envelhecimento com qualidade de vida e dignidade, especialmente para aqueles que estão abaixo do nível de pobreza.”
 
Para ampliar a participação, o Conselho organizou diversas pré-conferências, realizadas ao longo do mês, começando no último dia 5, em diferentes bairros, como Piatã, Novo Horizonte, Margarida, Vila Brasileira e Sabaúna. O último encontro ocorreu nesta terça-feira (27) em Jundiapeba.  “O Conselho sabe que nem todos em Mogi terão acesso ao local da Conferência, então promovemos esses encontros para ouvir mais as demandas e entender as dificuldades de cada local”, conta Juraci, destacando que houve uma grande procura. 

Desafios
 
Juraci ressalta que as dificuldades enfrentadas pelos idosos mogianos ainda demandam mais debates: “Temos desafios que acontecem desde 2015, época da última Conferência que realizamos. Com certeza, os problemas são quase os mesmos, pois pouco se avançou de lá para cá. Nesses quase 30 anos em que estou na militância pelo direito dos idosos, já vi vitórias, mas ainda há muitas situações pelas quais lutar. Temos um atraso muito grande de serviços, inclusive alguns que tiveram retrocesso, e esse é o mais triste ainda”, destacou.  
 
A criação da Secretaria Municipal da Longevidade é vista pela vice-presidente do Conselho com otimismo. “A Secretaria da Longevidade chega para nós como uma esperança muito grande de que teremos interlocução dentro da máquina, pois esse é o entrave muitas vezes. Ter uma secretaria com um secretário que deverá pensar somente na questão da longevidade dentro do município e junto a todas as secretarias que compõem a gestão é motivo para termos esperança de que irá correr atrás de verba, naquilo que for necessário, para que a lei orçamentária contemple tudo aquilo que for colocado dentro da Conferência.”
 
Uma das preocupações de Juraci são os centros de convivência e o Pró-Hiper, atualmente fechado para serviços de manutenção e melhorias no local. Segundo a Prefeitura de Mogi, o local deve ser reaberto no dia 9 de junho. "Antes tínhamos 10 centros de convivência para idosos distribuídos em vários bairros de Mogi das Cruzes, que foram todos fechados. Eles são muito importantes para os idosos, assim como as atividades, como o Pró-Hiper, que inclusive quase fechou na gestão anterior e, mesmo assim, funciona hoje em uma situação com infraestrutura muito ruim — precisa ser melhorado”, salientou. 
 
 Outro desafio apontado por ela são as vagas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs): “Em 2010, tínhamos uma população idosa que não chegava a 40 mil e cerca de 160 vagas em ILPI. De lá para cá, novas legislações pediram mais qualidade nos leitos e equipamentos, e Mogi teve que se adequar, diminuindo o número de vagas. Hoje temos cerca de 78 mil pessoas acima de 60 anos no município e 146 vagas. Que situação: diminuiu. Temos pessoas morrendo de forma indigna.”
 
 Para Juraci, a cidade precisa de uma residência geriátrica, que deveria vir por meio da Secretaria Municipal de Saúde para o acolhimento dos idosos da cidade que precisam de atendimentos médicos, e que hoje são atendidos nas ILPIs. "Parece que fingimos que essas pessoas não existem, elas precisam de outro tipo de atendimento, que não existe hoje, isso faz com que elas sofram", completou. 
 
 Ela ainda destaca a questão do transporte. “A realidade é que muitas vezes pessoas idosas acabam aceitando as coisas como estão, por exemplo, um degrau alto de um ônibus que acaba colocando medo nelas de sair. É uma oportunidade para apresentar todos esses pontos. Esse é o momento da população olhar, não só para si, mas para o coletivo. Aquilo que é ruim para ele, é ruim para os demais também”, avalia, apontando como sugestão ônibus de São Paulo que já contam com o chão rebaixado para maior acessibilidade. 

População idosa 

A vice-presidente do conselho chama atenção ainda para as mudanças no perfil da população idosa e a necessidade de inclusão social: “A população idosa muda. Eu não sou a mesma idosa que foi a minha avó e muito menos a minha tataravó. Hoje, ainda necessita de estudos a questão do cidadão adulto que envelheceu na rua por opção. Precisamos de atenção em várias áreas, do esporte e lazer à saúde. O idoso não está à margem da sociedade, está dentro da sociedade. Ele precisa, por exemplo, de mais tempo para atravessar uma faixa com semáforo.”
 
Apesar do cenário desafiador apontado por ela, a perspectiva é positiva para a Conferência. “A expectativa é que o documento seja bem analisado e que a Secretaria da Longevidade faça bem a sua lição de casa. Espero que a população compareça, pois todas as vezes que ela participa, amedronta os gestores públicos para mostrar que essa população existe e reivindica seus direitos", finaliza.

Galeria

Foto 1 - Juraci Almeida é vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso