O censo de 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acende um alerta sobre questões que permeiam o envelhecimento populacional acelerado no Brasil.

 
 A parcela da população em idade avançada, que em 2012 era de 11,3%, hoje representa 15,1%. Em paralelo, no caso da taxa de fecundidade, ou seja, quando se trata de nascimentos, há uma queda no crescimento populacional.


 
 O envelhecimento da população é um fenômeno observado em diversos países e traz desafios sociais e econômicos, com implicações nas áreas de saúde, assistência social, políticas públicas, previdência e mercado de trabalho, entre outras.


 
 Bônus demográfico
 
Um dos processos a serem analisados é conhecido como bônus demográfico, que resulta da redução da taxa de fecundidade (as famílias têm menos filhos) e da diminuição da mortalidade, aumentando a proporção de pessoas na população economicamente ativa (PEA) em relação ao público que não compõe a PEA, como crianças e pessoas idosas aposentadas.


 
 O bônus demográfico é o que permite que grande parte dos países fomente sua economia, proporcionando um futuro melhor para aqueles que irão envelhecer. No Brasil, esse bônus ocorreu por um período curto devido à transição demográfica acelerada e, em grande parte, desperdiçado por motivos como crises, recessões e o baixo investimento em educação, produtividade e modernização.


 
 Isso significa que o país não cresceu economicamente como poderia e não houve distribuição de renda efetiva entre a população, o que irá refletir posteriormente em um grande contingente de pessoas idosas (neste aspecto) dependentes de uma população com renda baixa, o que gera reflexos na arrecadação, aposentadoria e outros benefícios.
 
 “A transição demográfica no Brasil é rápida: o que demorou 100 anos em alguns países aqui está acontecendo em 20, e o país não está preparado. O Brasil está envelhecendo antes de ter se tornado um país com uma distribuição de renda eficiente, de ter feito reformas e adotado medidas estruturantes, e isso é um grande problema”, avalia o presidente da SBGG , Dr. Marco Tulio Cintra.


 
 Próximos passos
 
Dr. Marco Tulio afirma que, tendo em vista este quadro, há pontos de atenção que podem contribuir para uma melhoria gradual, como incentivar o aumento do nível de produtividade, fortalecer a atenção primária em saúde e ampliar as ações com foco no bem estar social: “Tratar disso antes é economicamente melhor do que a mitigação de dificuldades posteriores”.


 
 “Com grande parte da população envelhecendo, o ideal não é investir massivamente em hospitais, mas sim na implementação de políticas públicas voltadas à promoção de saúde e iniciativas que tornem, de fato, as cidades e a sociedade mais amigáveis ao idoso, favorecendo o envelhecimento ativo e saudável”, destaca.


 
 Entender este cenário e buscar melhorias para que essa e as próximas gerações tenham um envelhecimento digno e saudável é dever de todos. Ciente de seu papel, a SBGG segue ativa engajada nesta causa, por meio de suas comissões e atuação pública!