O grande número de casos de feminicídio, que tomaram conta dos noticiários nos últimos dias, é assustador. Ocorrências que destroem famílias, deixam crianças órfãos, e mostram como a cultura machista ainda é prevalente em nosso país. Na edição digital de hoje, trazemos uma entrevista especial com a coordenadora da Patrulha Maria da Penha de Suzano, Jaqueline Ferreira, que afirma que há subnotificação de casos. 

Para a coordenadora do grupamento, que foi um dos primeiros criados e se tornou referência para outras cidades, é importante que haja mais divulgação para estimular mais denúncias de mulheres. A Patrulha atua na proteção a mulheres vítimas de violência para o cumprimento de medidas protetivas. Ela ressalta também a importância do suporte emocional e financeiro para essas mulheres. 

A violência acompanha a história de vida de muitas mulheres, infelizmente. Acompanhamos também a divulgação dos indicadores criminais da Secretaria de Segurança Pública do Estado e os casos de estupro têm números que geram grande preocupação, incluindo ainda os vulneráveis, que são crianças e jovens com idade até 14 anos e pessoas que são consideradas incapazes de se defender. E nestes casos, os agressores muitas vezes são familiares ou pessoas próximas. 

Os tempos avançam, mas a visão de parte dos homens sobre as mulheres não evolui. Ainda persiste a visão da mulher como um objeto, como algo que deve ter um título de propriedade. Precisamos evoluir de forma urgente, com campanhas de conscientização que atinjam desde as crianças para que não reproduzam comportamentos machistas, e a violência não se multiplique. 

A agressão contra a mulher não pode ser normalizada, com ditados ultrapassados como “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. É preciso intervir sim. A violência cresce de forma exponencial, podendo mais tarde, significar o fim da vida dessa. Uma mudança cultural é fundamental, e já atinge uma boa parcela de homens, mas é preciso ir além. As mulheres têm direito à vida, e a fazer o que desejam. Elas não podem ser punidas e acabarem mortas simplesmente por serem quem são.