Carlos Drummond de Andrade, ao afirmar: "Democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder", provavelmente, pensou em criticar o desvirtuamento atual da política da frase histórica de Abraham Lincoln: "A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo". Lord Acton, historiador britânico, nos brindou com essa afirmação: "O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente". A escritora Lya Luft se aprofunda ao criticar a guerra suja dos partidos nesse tempo de eleição: "A campanha eleitoral mais parece um campo de batalha, onde os feridos são a verdade e a decência".
Há indignação e tristeza no eleitor consciente ao ver o nosso país ser enlameado por políticos de mau caráter, homens do governo que se deixam despir da moral, da ética para vestir vergonhosamente a roupa da mentira, tentando nos enganar como se fosse da verdade. Luiz Eduardo P. Arruda, historiador, em 2013, publicou uma síntese da evolução da cultura política, social e religiosa do nosso povo. Houve um tempo em que o Brasil não se conhecia e não se reconhecia. Após 1500, limitou-se o colonizador a conhecer territórios, povoados e núcleos urbanos assentados no litoral. Saudoso de Portugal, olhava o mar Atlântico sem fim. Frei Vicente do Salvador, em 1627, censurava os portugueses por não ocuparem o sertão das terras conquistadas.
A necessidade econômica impulsionou os paulistas e, depois, os nordestinos a penetrar os sertões, fortificando pontos estratégicos e lançando fundamentos de aglomerados urbanos que se transformaram em vilas e cidades. A Igreja se esforçava para educar e ensinar o comportamento cristão a uma coletividade que se guiava pela cobiça e pelo desregramento moral, e que se opunha à prática das virtudes cristãs. Os bandeirantes respeitando o Tratado de Tordesilhas, acordo que dividia entre Portugal e Espanha as terras descobertas, adentraram o interior do Brasil, motivados pela cobiça de ouro e de pedras preciosas, consolidando as nossas fronteiras.
Mauro Jordão é médico.