A ciência tem empreendido esforços enormes para melhorar a maneira como se toma decisões. Como optar por uma alimentação saudável ou economizar para uma vida mais amena, minimizando o impacto de processos inconscientes tendenciosos que limitam nossa capacidade de fazer escolhas mais adequadas?

Aqui, o trabalho do ganhador do Prêmio Nobel Richard Thaler e Cass Sunstein foi revolucionário. A ideia básica por trás de seu projeto vem do cientista cognitivo Daniel Kahneman, Prêmio Nobel, que argumentou que as pessoas tomam decisões precipitadas motivadas principalmente por forças inconscientes.

Para ajudar a melhorar a forma como tomamos decisões, dizem Thaler e Sunstein, precisamos redirecionar processos inconscientemente tendenciosos para a melhor decisão. A solução estaria na Teoria do Incentivo: um leve "empurrãozinho" que levaria as pessoas a detectar automaticamente as escolhas mais adequadas.

Um "empurrãozinho" ou incentivo para que os consumidores optem por alimentos mais saudáveis na hora das compras seria, por exemplo, reduzir o acesso aos doces em um supermercado, dando, por outro lado, destaque à seção de frutas. Essa técnica já foi adotada globalmente em diversas instituições públicas e privadas.

Algumas pesquisas, no entanto, defendem que as técnicas do empurrão geralmente são falhas. Em alguns casos, o tiro acabou saindo pela culatra, levando a resultados piores do que aqueles que seriam obtidos caso a estratégia não fosse aplicada. Existem várias razões para isso, como mau uso do método. Aparentemente, é necessário mais do que um "empurrãozinho" para mudar o comportamento.

Além disso, os defensores do método nos levam a acreditar que somos mais facilmente influenciados do que pensamos. Um aspecto fundamental de nossas experiências psíquicas é a crença de que somos os agentes da mudança, seja em circunstâncias pessoais (como formar uma família) ou externas (como combater as mudanças climáticas antropogênicas). 

Raul Rodrigues é mestre em Engenharia e ex-professor universitário.