A PEC Kamikaze vai piorar, e muito, nossa economia, que já é ruim. O governo federal vai injetar mais de R$ 40 bilhões na economia e isso pode parecer muito bom para quem vai receber, mas na verdade é ruim para todos. Durante a pandemia, bilhões de reais foram destinados ao Auxílio Emergencial de forma indiscriminada, sem qualquer controle, e o que observamos foi a mais forte pressão sobre os preços e a volta da inflação.

Em determinados períodos apenas supermercados estavam abertos e milhões de consumidores passaram a fazer estoque de mercadorias básicas, temendo um desabastecimento, e vimos o instantâneo reaparecimento do pior cenário na economia, a inflação descontrolada. Hoje, todos vivemos esse desastre econômico, mas, sempre, quem mais sofre seus nefastos efeitos são os mais pobres, justamente aqueles destinatários dos bilhões liberados.

Dinheiro precisa ter origem. De onde veem os bilhões que serão distribuídos para os mais pobres, caminhoneiros e taxistas. Qual será o efeito real dessa derrama de dinheiro? Certamente mais inflação. Não adianta distribuir dinheiro para um ilusório e temporário respiro se logo depois haverá um afogamento coletivo. Quem tem fome, tem pressa, mas sair distribuindo dinheiro de forma aleatória, além de gerar inflação, corrói o próprio benefício concedido.

No mais acaba em dezembro de 2022, em janeiro de 2023 não haverá mais fome? É claro que haverá e ela será maior e mais abrangente. Para quem é rico nada muda, mas para quem é pobre a situação vai piorar muito com o açoite da inflação. Não podemos esquecer que já convivemos com uma altíssima taxa de juros. Há redução de impostos, o que implica em menor arrecadação e possível déficit nas contas públicas.

A economia só se reorganiza com estímulo e a viabilidade da atividade econômica que gera empregos, renda e impostos, o que só ocorre com reformas administrativa e fiscal, e desburocratização, tudo o que não foi feito. Mas o que importa agora é o voto, a economia a gente vê depois.

Cedric Darwin é mestre em Direito e advogado.