Nesta semana, a Petrobras autorizou mais um reajuste de preços para o consumidor. Antes fosse só um aumento nos combustíveis, e não um novo sintoma de um futuro ainda mais difícil. Não se trata de mero alarmismo, mas de uma mera leitura das notícias: em 12 meses, o aumento na gasolina chegou a mais de 42%,e o etanol com aumentos de 26,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No óleo diesel, que é o sangue que alimenta a máquina logística brasileira, o aumento registrado é de 40%. A inflação segue na casa dos dois dígitos, e os indicadores sociais de desemprego, miséria e fome não apresentaram sinais palpáveis de recuperação, a despeito das declarações jogadas ao vento pelo atual ministro da Economia.
Isto afeta não apenas o orçamento doméstico de famílias que têm carros de passeio, atinge os motoristas e entregadores por aplicativo, um segmento que se tornou a tábua de salvação de muitas famílias nos últimos anos, com a pandemia e a crise econômica no Alto Tietê, como por muitas vezes foi o apelo de entidades representativas como a Associação de Motoristas por Aplicativos da Região do Alto Tietê (Amarati).
A escalada de preços é mais que um destaque nas páginas de economia, que parecem estéreis e distantes do dia a dia do povo brasileiro. Afeta a cadeia de produção, como a indústria de Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Poá, onde se concentra grande parte da população da região, e prefeitos e gestores públicos lutam para consolidar a retomada junto ao empresariado local. Afeta os custos dos produtores rurais do Cinturão Verde, fundamentais para a tênue segurança alimentar de nossa população. Afeta o salário do trabalhador, dependente de uma economia que não decola e não pousa suavemente.
Antes fosse a crítica à condução da economia em escala federal apenas uma opção política ou ideológica. É uma constatação na ponta do lápis: nosso dinheiro e nossa esperança evaporam pela incompetência e bravata de quem tinha o apelido, ironicamente, do posto de combustíveis que tinha tudo. E isso não pode ser esquecido.