Durante a semana, nossa reportagem foi atrás dos números de vacinação no Alto Tietê contra o Papilomavírus Humano (HPV) em meninos e meninas entre os 9 e 14. O resultado desta apuração é alarmante: a vacinação está abaixo da meta estipulada pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), que recomenda uma imunização de, pelo menos, 80% do público-alvo. Em algumas cidades, como Ferraz de Vasconcelos, a vacinação atingiu 34% das pessoas que precisam se imunizar.

Antes conhecido como um país que detém uma das melhores estruturas de vacinação do mundo, o Brasil patina nas campanhas de imunização. É preciso fazer uma força hercúlea para que as pessoas se dirijam até os postos para receber a vacina.

Na questão do HPV, por exemplo, por se tratar de uma doença que pode ser passada para outra pessoa por meio da relação sexual, transmite aos mais puritanos que isso não deve ser tratado com indivíduos com 9 ou 14 anos. A questão neste caso não é a relação em si, mas a prevenção de algo que pode acarretar no desenvolvimento da enfermidade, e se tornar um câncer, como é o caso do colo do útero, que está associado à infecção persistente por subtipos do HPV.

O atual governo brasileiro, desde o começo do mandato, insistiu que este tipo de assunto, que envolve relação sexual, não deve ser tratado nas escolas, o que é uma grande bobagem. A ideia era que isso fosse conversado somente entre as famílias das crianças. Ora, mas se nem pais e mães sabem o que falar às vezes, desconhecem métodos contraceptivos e de prevenção de doenças, por isso, o melhor lugar para tratar do assunto é a própria escola, claro, com o auxílio dos pais.

No Alto Tietê haverá a distribuição de absorventes para estudantes das escolas estaduais, mais de 73 mil serão atendidas, seria o momento certo para falar deste assunto, com palestra, orientação médica e a importância da vacina contra o HPV. Se isso pudesse ocorrer, o que seria ótimo, não deveria ficar restrita somente às alunas, mas sim incluir toda comunidade para saberem os riscos que este vírus pode trazer.