Os estudos que classificam as pessoas de acordo com a sua situação econômica costumam situar como classe média as famílias com renda mensal por pessoa entre R$ 667,87 e R$ 3.755,76. Portanto, considerando o número médio de 3,07 pessoas por família, essa variação vai de R$ 2.050 até R$ 11.530 por família.

Entre as faixas da classe média (C) e o topo da pirâmide temos a chamada classe média alta, ou classe B. Essa parte mais abonada da classe média é o segmento social mais conservador de todos. São, na maioria, profissionais liberais do terceiro setor, ou seja, comerciantes, funcionários públicos dos mais variados cargos,, entre outros. Essa população é o motor de sustentação e manutenção das estruturas políticas.

O Brasil apresenta ainda um segmento que compõe os 5% mais ricos, com renda mensal média de R$ 10.313 e o corte para estar no 1% mais rico, ou seja, com renda superior à de 99% da população brasileira adulta é de R$ 28.659. Vale lembrar que estamos falando de um país onde as seis pessoas mais ricas detém a mesma riqueza que os cem milhões mais pobres. A brutal concentração de riqueza em nosso país é criminosa, pois joga parte significativa da nossa população na mais absoluta miséria.

Se por um lado o período entre 2003 e 2009 significou a ascensão de pobres em direção à classe média, esse movimento foi invertido. Infelizmente o Brasil retornou ao Mapa da Fome da FAO em 2018 e, em 2020, registrou 55,2% da população convivendo com a insegurança alimentar, segundo pesquisa da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar).

Com a pandemia o problema se agravou. A baixa atividade econômica e a ausência de políticas compensatórias para que perdeu seu emprego ou teve seus pequenos comércios inviabilizados pelas restrições impostas por ela impactaram a realidade social. O percentual de brasileiros na classe média caiu de 51% em 2020 para 47% em 2021, segundo estudo do Instituto Locomotiva. Levantamento estima que cerca de 4,9 milhões de famílias caíram para a classe baixa no último ano.

É o Brasil descendo a ladeira.

Afonso Pola é sociólogo e ´professor