Dois anos, mais de 650 mil mortes no Brasil e 6 milhões pelo mundo. A longa noite da pandemia do coronavírus (Covid-19) vai finalmente dando lugar aos primeiros raios de sol da normalidade, que foram sinalizados pela decisão do governo do Estado de São Paulo em abolir a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos e fechados, embora ainda seja recomendado seu uso em ambientes como o transporte público e no interior de hospitais.
Um momento que foi aguardado por quase todos os 210 milhões de brasileiros desde a declaração do estado de pandemia global da Covid-19 - todos aguardavam a sinalização da volta ao "velho normal", dos beijos e abraços, dos sorrisos nos bares e lanchonetes, sem os olhares de desconfiança e repreensão por uma máscara fora do lugar ou com uma tosse mais proeminente.
Mas não há como não ficar com várias "pontas" de esperança com dados como a queda do número de 63 mortes diárias na última semana por Covid-19 no Estado, diante do horror que foram os picos das duas primeiras ondas em 2020 e 2021. No entanto, há de se dar os nomes certos para os autores deste "milagre".
O recuo da pandemia não foi obra da providência divina, ou mero tédio por parte do vírus. O recuo aconteceu por conta da seriedade do assunto assumida pela grande maioria da sociedade, pelas vacinas, pela adesão ao uso de máscaras, pela adoção de novos hábitos e itens pessoais, como o álcool em gel, e pelo compromisso da ciência, e não de negacionistas.
Engana-se que a alvorada deste novo mundo pós-pandemia representa que as mortes, internações e o medo que vivemos foram apenas um pesadelo. Tudo o que passamos deve servir de ensinamento para que doenças que possam nos atingir no futuro não nos coloquem de joelhos como ocorreu com a Covid-19. Que esta geração não deixe perder as duras lições que aprendemos com a empolgação e com a desinformação, para que as imagens dos sepultamentos, dos leitos lotados e do desespero pelo qual passamos nos dias mais tenebrosos sejam em vão.