O chanceler Ernesto Araújo viaja hoje para quatro países da África Ocidental, onde discutirá com autoridades locais a implementação de acordos nas áreas de segurança, defesa, comércio e investimentos. O chanceler visitará Cabo Verde, Senegal, Nigéria e Angola e deverá retornar ao Brasil em 13 de dezembro.
Segundo o secretário de Negociações Bilaterais do Itamaraty paras as áreas do Oriente Médio, Europa e África, embaixador Kenneth Félix Haczynski da Nóbrega, o chanceler pretende "reativar" a cooperação brasileira na área de defesa e segurança com países do Hemisfério Sul.
"O Brasil, nos últimos governos, relegou esse vetor da diplomacia brasileira, que é a segurança do Atlântico Sul. A ideia é reativar essa cooperação", afirmou.
De acordo com o embaixador Kenneth da Nóbrega, o ministro Ernesto Araújo deverá anunciar, durante a visita aos países africanos, que o Brasil "deseja ser membro pleno do chamado Grupo de Países Mais Amigos do Golfo da Guiné". O objetivo é contribuir para aumentar a segurança da área marítima dos países que integram a região.
O Golfo da Guiné abrange 12 países (Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão Bioko, Ano Bom, São Tomé e Príncipe). A área marítima próxima a esses países, onde circulam mais de 95% dos navios que transportam os produtos de exportação brasileiros, está sujeita a constantes ataques de piratas e gangs que realizam assaltos a cargas de embarcações.
Conforme o embaixador Kenneth da Nóbrega, a Marinha considera os riscos embutidos na navegação do Golfo da Guiné uma das "maiores ameaças ao entorno estratégico brasileiro". De acordo com o diplomata, outra razão para a crescente preocupação das autoridades brasileiras em relação à região é o avanço constante do jihadismo, chegando quase às costas da África ocidental. Jihadismo é uma expressão comumente usada para definir setores religiosos radicais que optam por realizar ataques a instituições, navios, trens e aviões.